23 jul, 2020 - 20:13 • Paula Caeiro Varela , com redação
O presidente do PSD, Rui Rio, defende fim dos debates quinzenais para “credibilizar o Parlamento” e admite que o projeto para foi conversado com o PS.
Questionado sobre se articulou a proposta com o secretário-geral do PS, António Costa, o líder social-democrata começo por hesitar, dizendo que “foi conversado com o Partido Socialista" e depois articulado com os socialistas no grupo de trabalho criado para o efeito.
“O secretário-geral do PS, tanto quanto eu sei, está de acordo que o Parlamento faça um esforço no sentido de alterar e credibilizar o modelo”, adiantou Rui Rio.
O presidente do PSD viu sete deputados da sua bancada votarem contra o fim dos debates quinzenais, mas desvalorizou a questão.
“Setenta e dois votaram a favor, aqui nem é o copo meio cheio meio vazio. É um copo que não transborda, mas está muito cheio. Mas isso não é relevante”, frisou.
Os deputados “rebeldes” lamentam que o diploma não tenha sido discutido no seio do grupo parlamentar do PSD. Rui Rio admite que podia ter havido “mais debate”, mas o projeto seguiu a tramitação normal.
“Desde que eu me conheço aqui e entrei para aqui há muitos anos, nunca vi um projeto-lei ser levado ao grupo parlamentar, como ante-proposta, para as pessoas levarem para casa, fazerem as alterações, para depois irmos à especialidade no grupo parlamentar, para termos um documento final e votarmos. Isto nunca aconteceu”, garante Rui Rio.
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Com o novo modelo de debates, o Parlamento deu hoje um “passo importante no sentido de uma tentativa de credibilização”, defende.
“Eu passei pelo Parlamento há muitos anos e sei o que era a credibilidade do parlamento há 20 e 30 anos, os protagonistas que o parlamento tinha, a consistência dos debates na altura. E passei agora e vejo o que hoje isto é”, atirou Rui Rio.
O líder do PSD considera que o modelo de debates quinzenais estava esgotado, porque “os deputados não tem procurado esclarecimentos, procuram sim condicionar os noticiários desse dia. Aquilo que procuramos é uma reforma que traga mais substância ao debate”.
Com o diploma agora aprovado, “o primeiro-ministro vai, no mínimo, oito vezes por ano à Assembleia da República, número que pode chegar a 12 se marcar presença nos novos debates do estado da nação setoriais.
Rui Rio admite que a medida pode não ser popular, à primeira vista, mas afirma que tem obrigação moral de contribuir para a credibilização do Parlamento.
"Fazer o contrário é o mais fácil, mas eu não estou aqui para o mais fácil. Estou para fazer aquilo que entendo que é bom para o país e neste caso para o Parlamento. Não pertenço à mobília, mas conheço a vida parlamentar, conheço a forma como se degradou. Como não pertenço à mobília tenho a obrigação moral, de alguém que tem uma visão de fora do Parlamento, de ajudar a credibilizar o Parlamento. Claro que é difícil. O mais fácil para mim era dizer que o primeiro-ministro devia ir ao Parlamento todas as semanas. Isso é o discurso fácil do politicamente correto, difícil é o que estamos a fazer", rematou.