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Opinião

​O que vão fazer os médios do Benfica contra o FC Porto?

03 out, 2025 • Afonso Cabral* • Opinião de Afonso Cabral


O treinador e comentador Bola Branca Afonso Cabral demonstra as fissuras da dinâmica defensiva do Benfica antes do clássico de domingo na casa do líder.

No próximo domingo o Porto recebe o Benfica, num jogo marcado pelo regresso de José Mourinho ao clube que o entregou ao mundo. Vinte e um anos depois vai ao Dragão de vermelho, treinador de um Benfica que vai tentando reconstruir. É o seu quinto jogo após duas vitórias, um empate e uma derrota.

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Do outro lado, Farioli joga o seu segundo clássico. Cem porcento vitorioso na Liga, o italiano implementou no FC Porto um modelo alicerçado em dois pilares fundamentais. O regresso do ‘jogar à Porto’ manifestado na agressividade dos jogadores e na fome que demonstram quando não têm a bola, e na identidade muito própria vincada no tão em voga jogo de posição, em que a bola mexe mais que as peças (não é bem assim, mas simplifico).

A posição e os problemas que o Benfica enfrenta

Com bola, o Porto coloca os laterais dentro, centrais fechados e os médios muito subidos, para preparar o ataque a zonas através de movimento ou a responder a cruzamento. Os extremos abrem muito para esticar a linha defensiva de quatro do adversário.

O que está acima aconteceu frente a Chelsea e Gil Vicente. Os médios adversários procuraram zonas mais perto da área, a resposta de Ríos e Enzo foi baixar para a linha defensiva. E o problema acabou por ser não ter havido ajuste da restante linha defensiva ao ajuste dos médios.

Nos dois jogos verificou-se que sobretudo Dedic (muito ligado ao primeiro golo do Chelsea) não alargou a linha e, apesar de haver seis homens, houve espaço no lado contrário para os adversários explorarem.

Se os médios do Benfica são atraídos pelos médios opostos, haverá espaço para os laterais por dentro conduzirem a bola. Resta saber o que fazem nesse momento e se Mourinho, dada a densidade do jogo, conseguirá corrigir a tempo.

Ou o Benfica deixa de acompanhar os individualmente os médios adversários, e corre o risco de aumentar em demasia as distâncias entre a linha defensiva, passando várias vezes por situações de igualdade numérica em cruzamentos ou continua a acompanhar os médios individualmente, encaixando os seus na linha defensiva, e tendo mais controlo do espaço do lado contrário, caso Dedic perceba este momento. Neste caso, haverá espaço à entrada da área no corredor central, um convite aos laterais adversários a jogarem mais perto do último terço.

É um detalhe, mas dos mais importantes dadas as dificuldades da equipa de Mourinho face a adversários com formatos semelhantes aos de Farioli.

*comentador de futebol da Renascença

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