15 mai, 2025 • José Pedro Frazão
O antigo deputado do PSD Duarte Pacheco defende que os discursos dos líderes partidários têm estado concentrados "na espuma dos dias" e em "fait-divers" afetando a qualidade da campanha para as eleições legislativas de domingo.
"Não há nenhum comício onde sejam discutidos assuntos como a Europa, a área da defesa, da justiça ou financeira", lamenta o antigo parlamentar no programa "Casa Comum" da Renascença.
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Legislativas 2025
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Preocupada com o rumo da campanha está também Ana Catarina Mendes, eurodeputada do PS que deteta a ausência de temas importantes ligados ao contexto europeu e global "que influenciam a forma como Portugal também está inserido no mundo".
"Um [tema] é o silêncio de Gaza e a incapacidade de alguém dizer que devia haver o reconhecimento da Palestina como Estado independente e autónomo e que tem que cessar a guerra. O outro é a questão da Ucrânia, e como nos movemos na guerra, que é fundamental que acabe para que a Europa possa também ter um outro 'salto' e os Estados Membros estejam concentrados no desenvolvimento da União Europeia", afirma a antiga ministra socialista.
A dirigente do PS deteta mais mobilização do partido, mas reconhece ter encontrado uma fadiga preocupante nos eleitores portugueses.
"Sinto as pessoas cansadas, uma certa indiferença. E isso preocupa-me quanto aos níveis de abstenção que devemos vir a ter", assume Ana Catarina Mendes, na Renascença. A eurodeputada considera que a campanha mostrou projetos distintos sobre a economia e sobre a Segurança Social.
"A AD tenta esconder a incerteza e as dificuldades que estamos a viver hoje durante a guerra tarifária entre Estados Unidos e a União Europeia, que já está a ter impactos significativos em Portugal", acusa Ana Catarina, regressando à crítica de edições anteriores à promessa de crescimento económico por parte da AD, numa altura em que há uma retração da economia no primeiro trimestre do ano.
A dirigente socialista denuncia um "projeto claro sobre a segurança social" que passa pela privatização do sistema "se por acaso" a AD ganhar e fizer uma coligação com a Iniciativa Liberal.
Duarte Pacheco conclui que Pedro Nuno Santos revelou "indefinição estratégica" na campanha. "Nuns dias o tema é a Spinumviva, a seguir passa a ser já o aparecimento de Pedro Passos Coelho na campanha e, finalmente, apareceram as questões fiscais que ele próprio propôs. Mas a três dias do fim da campanha?", questiona o ex-deputado do PSD.
Pacheco fala numa campanha "desastrosa" de Pedro Nuno Santos, antecipando que "o resultado não vai ser muito simpático para o Partido Socialista".
Sobre a gestão socialista da campanha, Ana Catarina Mendes defende que nos últimos dias, na segunda semana, o PS tem conseguido marcar a agenda com as suas propostas, depois de arrancar com o tema Spinumviva.
"Os primeiros dias de campanha foram agarrados àquilo que nos trouxe a eleições antecipadas, que foi o facto do primeiro-ministro não ter explicado por que razão acumulou avanças, ao mesmo tempo que era primeiro-ministro e sabe que não o podia ter feito", justifica-se na Renascença.