17 jun, 2025 • Filipa Ribeiro
Fernando Medina defende "integração" como prioridade na imigração e critica enfoque do Governo no programa apresentado esta terça-feira no Parlamento.
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No programa Conversa de Eleição, da Renascença, o socialista acusa a Aliança Democrática (AD) de ceder ao Chega “num ponto central”, ao focar-se na “restrição e não na integração”. O antigo ministro das Finanças considera que o Governo “está mal e profundamente errado”, defendendo que a solução para os desafios da imigração passa apenas pela boa “integração”.
Fernando Medina alerta que, “se não for feita a integração, numa próxima recessão económica a saída dos imigrantes terá um impacto extraordinariamente penoso para o país”, sublinhando que são estes trabalhadores que asseguram áreas fundamentais da economia.
Também Miguel Poiares Maduro, apesar de defender uma maior regulamentação da imigração, manifesta-se “preocupado” com as restrições ao reagrupamento familiar. “Acho que foi um erro ter-se flexibilizado excessivamente com as manifestações de interesse, mas reintegrar o reagrupamento familiar com regulamentação clara ajuda na integração dos imigrantes”, defende.
Sobre o destaque dado pelo Governo à Reforma do Estado, Poiares Maduro considera que está a ser criada uma “expectativa” excessiva e que isso pode comprometer o novo ministro da tutela. “Pode vir a sofrer, porque a expressão ‘Reforma do Estado’ é mais do que desburocratização e simplificação”, argumenta.
A mesma posição é assumida por Fernando Medina, que considera um erro o protagonismo dado à Reforma do Estado. Critica ainda o facto de o Governo, “em vez de puxar por matérias de consenso com o PS”, estar a optar por um caminho divergente.
O socialista alerta que as opções políticas do executivo terão implicações transversais e adverte que, se parte da sua política estiver colada ao Chega ou à Iniciativa Liberal, “não podem ser pedidas viabilizações ao PS”.
Relativamente à constituição do novo Governo, tanto Fernando Medina como Miguel Poiares Maduro apontam como aspecto positivo o facto de a pasta da Economia ter ficado com a execução dos fundos europeus. Divergem, contudo, quanto à continuidade de Ana Paula Martins como ministra da Saúde.
Fernando Medina acusa a ministra de ter “destruído a máquina do SNS” por “incompetência” e por lidar com os problemas de forma “leviana”. Já Miguel Poiares Maduro entende que a continuidade se deve a um voto de confiança do Primeiro-Ministro, salientando que “Luís Montenegro será agora responsável” pelas falhas no sector.
Antigo secretário-geral do PS, António José Seguro é o primeiro nome da centro-esquerda a apresentar uma candidatura à Presidência da República. Fernando Medina defende que os partidos devem aguardar para ver se surgem outros nomes do mesmo campo político.
Apesar de reconhecer alguns aspetos positivos no discurso de apresentação, como a proclamação de questões éticas, Medina observa: “A ética demonstra-se, não se proclama. Normalmente quem proclama muito tem necessidade disso e ele não a tem”.
Quanto à alegada diferença de António José Seguro como político, o socialista afirma que “sinceramente, a única diferença” que encontra é o afastamento de dez anos da vida política.
Miguel Poiares Maduro, coordenador da candidatura de Luís Marques Mendes, reconhece algumas fragilidades em Seguro, como a falta de carisma, mas considera que o discurso de apresentação foi “eficaz” na tentativa de se afirmar como candidato alternativo.