21 mai, 2023 • José Bastos
O debate sobre política geral no parlamento com o primeiro-ministro, António Costa, inicialmente marcado para o dia 31 de maio, foi antecipado por uma semana e vai realizar-se na próxima quarta-feira, 24. De acordo com fonte oficial do gabinete da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, a antecipação deve-se a "motivos de agenda do primeiro-ministro".
O ajuste na calendarização deste debate pode até ter uma motivação estritamente política, porque a pressão sobre António Costa tem vindo a aumentar. Desde a última série de audições na comissão parlamentar de inquérito à TAP, onde a intervenção dos serviços secretos foi apontada como tendo sido uma sugestão do gabinete do primeiro-ministro, que a necessidade de uma explicação de António Costa tem sido referida por políticos da oposição e comentadores.
Marcelo Rebelo de Sousa também voltou a assegurar “estar a acompanhar a situação”, fazendo questão, numa das suas incursões informais à área circundante do Palácio de Belém, de afirmar ‘manter’ tudo o que disse há duas semanas sobre a sua discordância em manter João Galamba no governo. Marcelo voltou a avisar que ‘continua muito atento’. A pressão aplicada ao primeiro-ministro teve ainda o imprevisto contributo de Cavaco Silva, no mais severo dos ataques jamais desferidos por um antigo primeiro-ministro ou presidente ao governo de turno.
Qualquer que possa ser desfecho da comissão parlamentar de inquérito e da investigação em curso do MP, as horas de confusão, equívocos e barafunda no ministério titulado por João Galamba vão passar à história como uma crise do mais invulgar, insólito e anormal de que há memória num governo da república portuguesa. Afinal, a mera origem da crise deverá ser alvo do estudo de politólogos e ganhar um capítulo nos manuais políticos: o de como não gerir uma contrariedade e de como não fazer uma exibição pública de imaturidade, inabilidade e impreparação políticas.
A análise é de Nuno Botelho, líder da ACP – Câmara de Comércio e Indústria, do professor Francisco Pereira Coutinho, e do gestor Rafael Campos Pereira, vice presidente da CIP e da AIMMAP a olharem também para a economia e a cimeira do G7 em Hiroshima.