16 mai, 2025 • Jaime Dantas
O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) considera que o novo aeroporto de Lisboa "não será para o nosso tempo ". No "Conversas na Bolsa" desta sexta-feira, Bernardo Trindade saudou que tenha sido tomada uma decisão por parte do governo mas considera que não foram tidos em conta o "consumo de recursos como a eletricidade, gás, da água, o que vai exigir do ponto de vista, inclusivamente as próprias infraestruturas".
Sem "querer entrar em questões técnicas", o representante dos empresários do setor lembrou que a AHP "foi partidária da solução Montijo porque era mais rápida, mais barata".
"Nesta altura já estaria em funcionamento", salientou.
É neste contexto que a associação defende que o "aeroporto Francisco Sá Carneiro deve merecer uma atenção muito especial como novo hub para a TAP". Se temos constrangimentos, vamos usar a capacidade na nossa segunda infraestrutura e cumprir os objetivos. Isto não é física quântica", sublinhou Bernardo Trindade.
Bernardo Trindade abordou ainda a falta de mão de obra no turismo, numa altura em que um terço da força de trabalho já é composta por imigrantes. Este facto reforça "a posição de Portugal como país de acolhimento" e isso levanta alguns problemas, nomeadamente no que toca ao idioma.
"Todos nós gostaríamos que esta mão de obra estrangeira pudesse ser maioritariamente de países de língua oficial portuguesa. Mas hoje todos nós já percebemos que temos que estar disponíveis para falar com todo o mundo", apontou.
Trindade garante que o setor está a tentar garantir as melhores condições para os trabalhadores estrangeiros, nomeadamente através da formação "melhorando competências linguísticas e profissionais" dessas pessoas.
A associação que assinou a "via verde" para a imigração rejeita no entanto "substituir-se ao estado" no que toca à habitação, já que a grande maioria do turismo concentra-se "em áreas de grande pressão habitacional, como Lisboa, Porto e Faro".
"O que nós temos que fazer é aumentar o parque habitacional", apelou.
Já numa ronda de perguntas, o presidente da AHP considerou que a "democratização do turismo" trouxe muitos hóspedes para Portugal, mas admitiu que é necessário elevar a "qualidade do serviço", de forma a cobrar valores mais elevados.