30 abr, 2025 • Aura Miguel, enviada da Renascença a Roma
Desde que o Papa Francisco morreu, os mais de 200 cardeais que participam nas Congregações Gerais prestaram um juramento de silêncio sobre os conteúdos do que se discute dentro das reuniões.
Por isso, a única forma de os jornalistas saberem o que lá se passa é através da Sala de Imprensa do Vaticano, num breve comunicado e briefing diários, de magro conteúdo. Conclusão: a nossa vida, nestes dias, não está fácil.
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Muitos colegas fazem uma espera cerrada, junto à fronteira do Vaticano, munidos de câmaras e gravadores, à espera que alguma “vítima” aceite falar e, se por um eventual gesto de generosidade, algum purpurado olha para nós, é literalmente engolido numa parafernália de braços estendidos, quase semelhante aos passarinhos de bico aberto, à espera do alimento que a mãe trás para o ninho.
Como os resultados da “caça ao cardeal” são frustrantes, a tendência é explorar o “Totopapa”.
Os italianos, desorientados por são terem 19 cardeais no Conclave e, por isso, estarem em franca minoria, escrevem sempre sobre os seus três candidatos preferidos, sem concluir qual deles será o melhor; os de língua inglesa publicam, todos os dias, uma lista diferente com uns cinco ou seis nomes de “papabili” (para poderem dizer, depois do Conclave, que acertaram), os franceses torcem pelo arcebispo de Marselha e os espanhóis roem as unhas, na esperança de algum dos seus purpurados ganhar a confiança da maioria dos eleitores.
Enfim, dada a escassa presença de jornalistas asiáticos e africanos (onde, no entanto, a Igreja Católica está mais viva e sempre a crescer), pouco ou nada se fala dos cardeais eleitores desses continentes. A exceção vai para o famoso cardeal Luis António Tagle, uma figura simpática e sempre sorridente, há muito considerado “papabile”.
Desta vez, no entanto, com a moda das redes sociais e das selfies, o panorama que antecede este Conclave é mais animado.
Há dias, o cardeal japonês Isao Kikuchi, entusiasmou-se com a selfie tirada por D. Américo Aguiar (aos três cardeais mais novos no Conclave) e resolveu fazer o mesmo dentro do autocarro que os transportou do Vaticano até à Basílica de Santa Maria Maior.
Menos entusiasmado ficou o filipino Tagle ao ver agora reproduzidos nas redes sociais alguns vídeos antigos: num deles, dança animadamente uma coreografia dentro de uma igreja; num outro vídeo, canta, cheio de sentimento, o “Imagine” de John Lennon.
Amanhã, primeiro dia de maio, é feriado em Itália e no Vaticano. Por isso, os cardeais também aproveitam para fazer uma pausa nos trabalhos.