05 fev, 2025 • Anabela Góis
Há motivos para alarme?
Valentina Lutsiv, médica de saúde pública da ULS da Arrábida, que integra o Hospital de Setúbal, garante que não.
A especialista considera que a situação está controlada. Diz que a curva epidémica já está a decrescer. O primeiro caso foi registado a 2 de dezembro e, de lá para cá, foram confirmados mais 22, sendo que grande parte aconteceu no início de janeiro, logo depois do Natal e Passagem de Ano.
Na maioria dos casos, a situação das pessoas infetadas evoluiu favoravelmente. Aliás, esta é uma doença que para a esmagadora maioria dos indivíduos - nomeadamente mais novos - não tem consequências, nem sequer precisa de tratamento específico.
Só uma criança de 12 anos teve de ser internada, primeiro no hospital de São Bernardo, de onde foi transferida para Lisboa, para os cuidados intensivos do Hospital de Santa Maria. Mas encontra-se bem e já está na enfermaria.
Quem é que tem sido infetado?
Crianças e jovens. Até ao momento, os casos ocorreram apenas em crianças - com idades a partir dos 3 anos - e jovens adultos com um máximo de 20 anos. Todos sem histórico de vacinação prévia, sendo que a idade média dos infetados é de 12 anos.
Como é que a situação está a ser contida? Como é que se previnem novos contágios?
A Unidade de Saúde Pública tem em curso uma campanha de vacinação que, no início, abrangia apenas os contactos mais próximos - os coabitantes das pessoas infetadas -, mas, neste momento, já foi alargada a toda a comunidade escolar e à comunidade em geral.
Já foram vacinadas 149 pessoas. Esta tarde vão ser vacinadas mais 52 e para sábado está agendada uma outra sessão de vacinas. Em paralelo, estão a ser divulgadas medidas de prevenção nas escolas envolvidas e estão a decorrer sessões de esclarecimento para que os encarregados de educação possam tirar todas as dúvidas.
Quais são os sintomas da hepatite A e como é que se transmite?
Os sintomas são idênticos aos de uma gastroenterite, nomeadamente, diarreia, febre, vómitos, dores abdominais e mal-estar.
A doença transmite-se através de contacto direto - pessoa a pessoa - por falta de higiene. Por exemplo, comer sem lavar as mãos, mas também pode acontecer por ingestão de alimentos ou água contaminada.
No caso de Setúbal, até agora a transmissão tem ocorrido de pessoa a pessoa.
Onde é que começou? Qual é a origem do foco?
O surto de hepatite A pode ter tido origem no Algarve, onde no ano passado foi detetado outro surto - que começou em agosto e que no final de novembro ainda estava ativo.
Entre os concelhos de Faro e de Olhão foram registados 25 casos, maioritariamente entre crianças e jovens.