03 mar, 2025 • André Rodrigues
Depois do desastre diplomático da passada sexta-feira entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky, o primeiro-ministro britânico juntou este domingo 16 líderes europeus em busca de caminhos para a paz.
Há desde logo uma primeira intenção. Londres e Paris querem uma trégua de um mês no ar, nos mares e nas infraestruturas energéticas. Foi o que disse Emmanuel Macron em declarações ao jornal Le Figaro. Embora o Presidente francês reconheça dificuldades.
Porque a Ucrânia tem uma frente de guerra de cerca de 1.400 quilómetros. Para que se tenha uma ideia, é o equivalente à distância entre Paris e Budapeste. Por essa razão, nesta fase, seria muito difícil garantir um cessar-fogo total.
Sim, sobretudo desde o confronto verbal da passada sexta-feira na Sala Oval. A estratégia europeia prevê um reforço do apoio militar e financeiro à Ucrânia, aumentando a pressão sobre a Rússia. Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia prometeu avançar com uma proposta de rearmamento da Europa, já no Conselho Europeu extraordinário da próxima quinta-feira. Mas para que tal seja possível, a presidente do Executivo de Bruxelas defende uma flexibilização das regras que permita aos 27 aumentar as despesas no setor da Defesa.
Emmanuel Macron sugere que os países da União europeia deveriam gastar entre 3% a 3,5% do PIB em defesa, para atender às necessidades atuais.
Pelo menos 300 milhões, podendo chegar aos 450 milhões. De acordo com o jornal Público, será este o contributo português para o pacote europeu de 20 mil milhões de euros de ajuda à Ucrânia que vai ser discutido na reunião extraordinária da próxima quinta-feira.
Essa pergunta torna-se ainda mais pertinente depois do inusitado confronto verbal entre Trump e Zelensky. Seja como for, o primeiro-ministro britânico já disse que pretende discutir este roteiro europeu para a paz com Donald Trump. Isto já depois de Washington ter ameaçado cortar o apoio militar a Kiev, que é bastante significativo.
Tanto Keir Starmer como Emmanuel Macron reconhecem que qualquer cessar-fogo tem de ser um passo para uma paz justa e duradoura, especialmente no contexto da NATO. E aqui o papel dos Estados Unidos torna-se imprescindível.
Os líderes europeus admitem que qualquer que seja a solução de paz, não pode excluir Moscovo. Mas sem que Putin tenha grande margem para impor condições.