13 mar, 2025 • André Rodrigues
Os deputados da Comissão de Inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras votam esta quinta-feira o relatório preliminar. Era suposto ser só daqui a duas semanas, mas a conferência de líderes aprovou a antecipação do prazo.
Porque o objetivo dos deputados é garantir que o trabalho das mais de 40 sessões da Comissão de Inquérito não cai com a dissolução do Parlamento. Por isso, o objetivo é que as conclusões preliminares apresentadas na semana passada pela deputada Cristina Rodrigues, do Chega, possam dar lugar a um relatório final que ainda vá a tempo de ser votado antes da dissolução do Parlamento.
No limite, podemos não sair de um impasse. Os dois maiores partidos já disseram que vão avançar com propostas de alteração ao texto. Só o podem fazer até às cinco da tarde desta quinta-feira. Por isso, o calendário é muito curto.
Os sociais-democratas criticam forma como foi apresentada a versão preliminar do relatório e, em particular, o facto de o Presidente da República ser visado por acusações de abuso de poder e de conduta censurável.
Também o PS acusa o partido de André Ventura de partidarizar o relatório e de desrespeitar o Parlamento. Os socialistas entendem que a deputada relatora viola o princípio da isenção ao produzir um relatório baseado em dúvidas.
Nota importante: para que a CPI ao caso das gémeas aprove um relatório final, é preciso que PSD e PS cheguem a um entendimento.
Ou se entendem, ou, no limite, o documento não chega ao plenário para a votação final global antes da dissolução do Parlamento. Ou seja, se os partidos não conseguirem aprovar as propostas de alteração, a Comissão de Inquérito é dissolvida sem conclusões. E não é certo que os deputados se entendam.
Fica tudo sem efeito, ou seja, se a CPI não aprovar o seu próprio relatório, este não poderá ir ao plenário para a votação final global.
Se isso acontecer, as conclusões perdem o efeito vinculativo e, como tal, não podem ser entregues à Procuradoria-Geral da República.
Logo a seguir, o Parlamento é dissolvido e, com essa dissolução, extinguem-se todas comissões parlamentares de inquérito.
Só haveria uma forma de recuperar o caso das gémeas: começar tudo outra vez, numa nova Comissão de Inquérito só na próxima legislatura.