30 abr, 2025 • Sérgio Costa
Em Espanha ganha força a tese de que o apagão teve origem numa sobrecarga de produção de energias renováveis.
Em causa está o que é descrito como hipotético perigo das "ligações de geração" que poderiam ser graves e que poderiam afetar de forma significativa o fornecimento de eletricidade devido à elevada penetração de fontes de energia renováveis. Ou seja, o sistema não aguenta a sobrecarga.
"Ligações de geração" refere-se à energia elétrica que é gerada em pequenos locais, como casas ou prédios, e que depois pode ser distribuída para a rede elétrica geral. Por exemplo, há quem tenha painéis solares cuja energia produzida é reencaminhada para a rede geral quando não está a ser aproveitada para o edifício onde esse painel está instalado.
De acordo com a imprensa espanhola, os alertas emitidos para a gestora da rede elétrica do país vizinho citam o aumento significativo da produção de energia renovável, com instalações mais pequenas e uma menor capacidade de adaptação a perturbações. A par disto estará o encerramento das centrais elétricas convencionais — carvão, centrais a gás ou nuclear — o que implica uma menor resiliência do sistema face a surtos imprevistos.
Podia não ter sido evitado, mas podia não ter durado tantas horas. É o que defendem alguns especialistas porque como haveria uma fonte alternativa, haveria autonomia para um arranque mais rápido na reposição de energia. Daí já termos ouvido o primeiro-ministro e a ministra do Ambiente dizerem que querem mais duas centrais autónomas. No caso dotar as centrais hidroelétricas do Baixo Sabor e do Alqueva na função de "black start", ou seja, arranque autónomo do sistema elétrico, para acelerar o restabelecimento da energia.
É o que se percebe, pelo menos dos alertas emitidos nos últimos anos em Espanha e que agora são revelados pela imprensa. Alertas que terão sido ignorados pelas autoridades do país vizinho.