15 mai, 2025 • Anabela Góis
Os portugueses sabem poupar?
Quase metade dos portugueses tem dificuldade em poupar de forma regular. Segundo o barómetro, duas em cada dez pessoas gastam todo o rendimento mensal, um comportamento mais comum entre os mais velhos, sobretudo os reformados. Entre aqueles que conseguem poupar, quase metade reserva entre 5% e 20% do rendimento mensal. No entanto, apenas três em cada dez dizem pôr de parte parte do salário logo no início do mês, o que indica uma ausência de planeamento financeiro.
Onde guardam o dinheiro aqueles que conseguem poupar?
O destino preferido continua a ser o banco: seis em cada dez aforradores depositam ali o seu dinheiro, sobretudo as mulheres. Quase um terço opta por depósitos a prazo, considerados seguros mas com baixo retorno. Seguem-se os Certificados de Aforro, escolhidos por 15% dos inquiridos. Apenas 4% investem em ativos digitais. Os dados mostram um perfil de investimento conservador, em que a segurança é mais valorizada do que a rentabilidade.
Qual é a situação dos créditos em Portugal?
O crédito à habitação é a principal forma de endividamento: 27% dos inquiridos recorreram a empréstimo para comprar casa. Contudo, apenas 53% afirmam pagar as prestações sem falhas. Um dado relevante é o facto de 42% não responderem à pergunta sobre o cumprimento das prestações, o que atravessa todos os níveis de rendimento e pode indicar algum desconforto em falar do tema.
Por que motivo continua a ser tabu falar de dinheiro em família?
Quase metade das famílias evita falar de dinheiro. Mais de um terço raramente discute o tema em ambiente familiar, e quando o faz é perante decisões importantes ou despesas significativas. A idade é um fator influente: quanto mais velhos, menos se fala de finanças. Apenas metade dos casais tem conta conjunta, e são poucos os que envolvem os filhos na gestão da mesada, o que contribui para perpetuar a iliteracia financeira.
As crianças aprendem a gerir o dinheiro que recebem?
A maioria dos pais apenas dá dinheiro aos filhos quando estes precisam. Entre os jovens com mais de 10 anos, apenas entre 30% e 40% recebem uma mesada ou semanada. Como muitos não são incentivados a gerir o que recebem, a forma mais comum de poupança continua a ser o mealheiro. Ainda assim, quatro em cada dez jovens têm depósitos a prazo.
Qual é o objetivo deste barómetro financeiro?
O estudo pretende avaliar o grau de literacia financeira dos portugueses, monitorizar comportamentos e ajudar a definir estratégias de educação financeira. As conclusões mostram que a falta de hábitos de poupança e o pouco planeamento financeiro comprometem o bem-estar económico de muitas famílias em Portugal.