21 mai, 2025 • Alexandre Abrantes Neves
A Polícia Judiciária (PJ) desencadeou esta quarta-feira a operação "Voo Cego". O caso parece insólito, porque tem a ver com o alegado fornecimento de peças falsificadas para aviões da TAP e não só.
Tudo começou com uma denúncia da TAP, que terá identificado nos seus armazéns peças falsificadas que comprou para os seus aviões.
Segundo fonte da Polícia Judiciária, estes materiais vinham acompanhados de certificados falsos e verificou-se que não cumpriam os requisitos exigidos para serem utilizados nas aeronaves.
A TAP terá sido apenas uma de várias companhias aéreas afetadas.
De acordo com a Judiciária, foram detidas três pessoas, incluindo um funcionário da TAP, na sequência das buscas que decorreram esta quarta-feira em vários locais do país e que abrangeram também a sede da companhia aérea, em Lisboa.
Os detidos são suspeitos de vários crimes, como burla qualificada, falsificação de documentos, atentado à segurança de transporte aéreo e também fraude fiscal qualificada.
Vão agora ser presentes a juiz para conhecerem as medidas de coação.
É uma possibilidade que não está de todo posta de parte. A Renascença conversou esta tarde com um consultor em aviação que se mostrou preocupado com o caso, dizendo que a falta de peças certificadas representa por si só um perigo.
Este mesmo especialista ressalva que a TAP é uma das companhias aéreas mais seguras do mundo e que, por isso, estará empenhada em garantir que nenhuma destas peças coloca em risco as tripulações e os passageiros.
Em 2023, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação alertou para documentos falsos nas peças de um fornecedor internacional, sediado em Londres. O caso levou até a que um funcionário dessa empresa fosse detido.
Nessa altura, a TAP garantiu ter substituído todas as peças vindas desse fornecedor. Não se sabe se haverá alguma relação com este caso, que é relativamente diferente porque, pelo que se sabe, é que dentro da própria companhia aérea havia quem tivesse montado esquemas para que essas peças falsas fossem compradas.
De acordo com fontes do setor ouvidas pela Renascença, não é, nem na aviação portuguesa nem lá fora, porque estas peças envolvem contratos milionários.
Não estamos a falar de simples parafusos e, por isso, são negócios muito tentadores para que se possa lucrar de forma ilegal com eles.
Seja como for, o que se espera depois da investigação é que sejam emitidos novos alertas às companhias aéreas para que situações deste género não se voltem a repetir.