23 set, 2025 • André Rodrigues , João Malheiro
O que era uma decisão por tempo indeterminado não chegou a durar uma semana.
Ele está de volta. Jimmy Kimmel regressa esta terça-feira à ABC com o programa que tinha sido suspenso.
O Explicador Renascença esclarece.
É um humorista norte-americano, considerado uma figura central na comédia televisiva desde 2003. Chegou a apresentar a cerimónia dos Óscares quatro vezes e tem sido presença constante no horário nobre da televisão nos Estados Unidos.
Kimmel ficou, também, conhecido durante a greve dos argumentistas em 2023, apoiando financeiramente a sua equipa, o que reforçou a sua reputação como defensor dos trabalhadores da indústria do espetáculo.
O Jimmy Kimmel Live, o programa que tem estado no centro da polémica, emprega mais de 200 pessoas e é considerado uma referência da sátira política nos Estados Unidos.
Os esclarecimentos da ABC são muito escassos. O comunicado da estação televisiva refere que a suspensão foi inicialmente decidida para “evitar inflamar ainda mais uma situação tensa num momento emocional” para o país.
Após vários dias de conversações ponderadas com o apresentador, a decisão tomada nas últimas horas foi a de retomar o programa, reconhecendo que houve comentários que foram inoportunos, nomeadamente sobre o assassinato de Charlie Kirk, o influencer e apoiante de Donald Trump que foi assassinado a 10 de setembro, num evento na Universidade de Utah.
As opiniões dividem-se, consoante os quadrantes políticos. O Partido Democrata, adversário de Donald Trump, fala em ato de censura grave por parte da administração dos Estados Unidos, sublinhando que este caso de Jimmy Kimmel é um entre muitos exemplos da ofensiva contra as vozes críticas do Presidente norte-americano.
Até entre alguns setores republicanos, a decisão de suspender o programa foi vista como um ato de censura.
Acusações que o Presidente Trump rejeita. A verdade é que a sua administração tem sido muito criticada por ameaças à liberdade de imprensa, incluindo tentativas de influenciar licenças de transmissão e ações judiciais contra órgãos de comunicação social.
Pelo menos, este caso reacende o debate sobre os limites da sátira política e o papel das televisões diante das pressões da administração, num ambiente político que estás fortemente polarizado nos Estados Unidos.
De resto, mais de 400 figuras do mundo das artes e do espetáculo assinaram uma carta, argumentando que esta suspensão do programa de Jimmy Kimmel pode violar a Primeira Emenda da Constituição norte-americana, que protege a liberdade de expressão.
Certo é que, depois dessa suspensão por tempo indeterminado, Jimmy Kimmel regressa esta terça-feira aos ecrãs.
Na verdade, o programa nunca chegou a ser cancelado, porque o episódio da polémica foi emitido há uma semana, a suspensão veio logo no dia seguinte. Mas foi sol de pouca dura.