07 out, 2025 • André Rodrigues
O presidente do Benfica pode ser constituído arguido, por causa da transferência de um jogador para um clube russo.
O negócio remonta a janeiro de 2023 e Rui Costa terá de prestar esclarecimentos ao Ministério Público.
O Explicador Renascença esclarece.
Tem tudo a ver com um pagamento de 76 mil euros feito pelo Lokomotiv Moscovo ao Benfica pela transferência do jogador argentino German Conti.
Pagamento que pode ter violado as sanções europeias impostas à Rússia, por causa da guerra na Ucrânia.
Porque a SAD do Lokomotiv é detida, em parte, por entidades ligadas ao Estado russo, nomeadamente o VTB Bank, que está sob sanções internacionais.
Reconstituindo o caso: o Benfica cedeu German Conti ao Lokomotiv sem contrapartida financeira, mas manteve uma percentagem do passe.
Quando o clube russo vendeu o jogador, transferiu para o Benfica o valor correspondente à sua parte - os tais 76 mil euros.
O problema surgiu, porque, à data da transferência, o Lokomotiv estava abrangido por sanções internacionais.
Por isso, este pagamento pode ser ilegal, embora tenha sido feito diretamente para o Benfica sem intermediários.
Mesmo assim, o Ministério Público está a investigar se houve violação da lei e se poderemos estar, também, perante um caso de branqueamento de capitais.
Sim, validou a operação. Em comunicado, o clube explica que a transferência foi validada pelo sistema da FIFA, que regula as transferências internacionais.
Além disso, o Benfica garante que nem os seus serviços, nem a instituição financeira envolvida identificaram anomalias no negócio.
O Benfica acrescenta, ainda, que, quando tomou conhecimento da interpretação do Ministério Público, recusou o pagamento e cessou os efeitos do contrato.
Rui Costa é o presidente da SAD do Benfica. Portanto, é o representante legal do clube. No entanto, o Benfica assegura que o negócio não foi do seu conhecimento nem da sua responsabilidade.
Rui Costa já deveria ter sido ouvido pelo Ministério Público em julho, mas pediu adiamento por coincidir com a apresentação do plantel e uma reunião dos órgãos sociais.
O Ministério Público aceitou o adiamento, mas ainda não se sabe quando é que será essa inquirição.
O caso ainda não entrou na campanha, mas pode influenciar o debate eleitoral.
Para já, não há qualquer acusação formal, mas o processo está a ser acompanhado com atenção pelos sócios do Benfica que poderão penalizar - ou não - o presidente e recandidato nas eleições de 25 de outubro.