22 out, 2025 • Anabela Góis
Um estudo da Associação de Apoio à Vítima mostra que os portugueses se sentem cada vez mais inseguros e coloca a criminalidade violenta como a principal ameaça à segurança do país, apesar dos dados oficiais apresentarem a violência doméstica como o crime mais reportado.
Entre os inquiridos, uma em cada três pessoas receia ser assaltada ou agredida, o que representa um aumento de 10 pontos percentuais em relação a 2023.
A acreditar neste estudo da APAV estamos, de facto. Uma sensação que aumentou desde a pandemia de Covid-19, com todas as áreas avaliadas a registarem saldos negativos na perceção de segurança, especialmente na Europa, em geral, e na Grande Lisboa.
E esta sensação de insegurança é mais notória nas mulheres, nos mais velhos e nas classes mais baixas.
Têm, sobretudo, medo dos transportes públicos durante a noite, dos estádios de futebol e zonas de diversão.
Mais de metade dos portugueses teme que o seu veículo seja furtado ou danificado e 44% receiam um assalto à residência, sendo 12% os que admitem sentir medo dentro da própria casa.
Quase todos os inquiridos (95%) acreditam que há grupos mais vulneráveis à violência, como mulheres, idosos, migrantes e pessoas LGBTI+.
Foi exatamente isso que concluíram os autores deste estudo que consideram que enquanto esta questão não for ultrapassada vamos continuar a olhar por cima do ombro... mesmo quando dizemos que está tudo bem.
Sim, a larga maioria da população considera o país seguro e 63% dos inquiridos sentem-se seguros no dia-a-dia, mas o certo é que a sensação de segurança tem andado a perder terreno.
Segundo o estudo, 9% dos inquiridos disse ter sido vítima de crime nos últimos 12 meses, que é o valor mais alto desde 2012, e mais de metade das vítimas não apresentou queixa, um dado considerado inquietante, já que o principal motivo apontado foi “a falta de confiança na justiça”.
Um défice de confiança difícil de erradicar - concluem os autores - mesmo entre aqueles que admitem queixas futuras.
Não, os receios dos portugueses com a segurança do país não têm ligação com os dados oficiais do Relatório Anual de Segurança Interna.
De acordo com o RASI, a violência doméstica é o crime mais reportado, mas os portugueses colocam-no em 4º lugar, depois da criminalidade violenta, do cibercrime, e do tráfico de droga.
Os autores do estudo admitem que o afastamento em relação aos dados estatísticos resulta de vários fatores, entre os quais, a exposição que os crimes violentos têm nas notícias. As pessoas acabam por ter a sensação de que é algo que pode acontecer a qualquer momento.