29 out, 2025 • André Rodrigues
Muitos pedidos para pouca oferta. Há cada vez mais utentes do Serviço Nacional de Saúde à espera de uma primeira consulta nos hospitais públicos.
No final de junho, era quase um milhão de pessoas nessa situação.
O Explicador Renascença esclarece.
De acordo com o Ministério da Saúde, a causa é o crescimento da procura por parte dos utentes que é muito superior ao reforço da oferta por parte do SNS.
Ou seja, o que o gabinete da ministra Ana Paula Martins diz é que não está em causa uma redução da capacidade do Serviço Nacional de Saúde.
Há mais consultas realizadas e mais profissionais contratados, só que o número de pedidos de consulta aumentou 5% face ao primeiro semestre de 2024.
Vários fatores: Envelhecimento da população, aumento do número de residentes em Portugal inscritos no Serviço Nacional de Saúde e uma maior consciencialização dos cidadãos sobre o direito a receber cuidados.
Consequência dessa soma de fatores: Em finais de junho, cerca de um milhão de utentes aguardavam por uma primeira consulta nos hospitais públicos. Quase mais 26% face ao mesmo período do ano passado.
Sim. No primeiro semestre deste ano foram realizadas perto de 770 mil consultas hospitalares no SNS (mais 3,8% do que em 2024). Este crescimento foi conseguido com um aumento nos recursos humanos, o que, de acordo com o Governo, demonstra ganhos de eficiência na utilização dos meios.
Só que não é suficiente para responder às necessidades da população.
De momento, não há dados que indiquem que haja consequências imediatas para a saúde dos utentes. No entanto, uma espera mais prolongada por consultas pode comprometer o diagnóstico precoce e o tratamento atempado de várias doenças.
Para o sistema, este é um sinal de que são necessárias medidas estruturais que garantam a sustentabilidade e a equidade no acesso aos cuidados de saúde.
O primeiro desafio é encontrar um ponto de equilíbrio entre oferta e procura. E, para isso, o Ministério da Saúde anunciou a adoção de um novo Sistema Nacional de Acesso a Consulta e Cirurgia, com o objetivo de melhorar a gestão das listas de espera.
Uma forma de garantir mais transparência, melhor organização dos pedidos e uma resposta mais eficaz às necessidades dos utentes.