16 mai, 2025
Há dias os mercados receberam com esperança a pausa na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Os dois países suspenderam por 90 dias as tarifas altíssimas que já estavam em vigor. Havia razões para satisfação geral, pois parece assim afastada a possibilidade de um colapso nas relações comerciais entre os EUA e a China, o que seria um golpe pesado para a economia mundial.
Mas ninguém sabe se estas tréguas de 90 dias terão continuidade e se as coisas voltarão ao que eram até há pouco. Por outro lado, as pautas alfandegárias estão em geral muito altas agora, mais altas do que eram há meses.
O problema de fundo é, no entanto, outro. Trump, agora presidente dos EUA, lançou com grande espetáculo as tarifas, que – como já aqui referi – lhe dão uma enorme sensação de poder. Só que, perante a reação negativa dos mercados a este novo e desenfreado protecionismo, Trump tem recuado pontualmente, apresentando uma face menos truculenta.
A situação é muito negativa para a atividade económica. Perante as grandes incertezas e a volatilidade em que se encontram as pautas aduaneiras, os decisores nas empresas adiam decisões de investimento. Isto acontece inclusivamente em empresas portuguesas ligadas ao mercado americano, mas é uma situação generalizada ao mundo inteiro.
Como é que se ultrapassam as incertezas? Não é certamente com a situação atual, em que todos os dias surgem notícias sobre o comércio internacional, algumas até favoráveis, mas a maioria suscitando sérias preocupações.
Só um recuo total quanto às tarifas resolveria o problema da incerteza. Mas seria uma humilhante derrota para Trump, por isso é improvável. Portanto teremos de nos resignar a viver com este grau de incerteza e com as consequências disso: estagnação económica ou mesmo uma recessão. É o preço que o mundo terá de pagar pela eleição de Trump.