09 jun, 2025
Em maio a inflação na zona euro ficou em 1,9% (contra 2,2% em abril), ou seja, a meta de 2% fixada pelo Banco Central Europeu (BCE) foi atingida. Ao baixar os seus juros de referência pela oitava vez num ano, Christine Lagarde considerou que o BCE se encontra agora “numa boa posição”.
E na sua reunião de julho, o que fará o BCE? Provavelmente não mexerá nos juros, mas ninguém sabe. Não que Christine Lagarde “faça caixinha” – ela não sabe o que acontecerá daqui a um mês.
Não existe agora apenas um problema de incerteza; existem também tendências e evoluções possíveis de sentido oposto. Se a economia europeia enfraquecer muito, poderá o BCE baixar de novo os juros. Mas se as tarifas de Trump, além de travarem a economia da zona euro, trouxerem inflação, então o BCE teria de considerar uma subida dos juros. Ora essas duas evoluções negativas podem ocorrer em simultâneo...
Entre nós o Banco de Portugal já baixou para 1,6% a previsão de crescimento da economia portuguesa em 2025. O BCE prevê um crescimento de 0,9% no corrente ano na zona euro, mas o possível acentuar da guerra de tarifas alfandegárias entre os EUA e a União Europeia poderá levar a um resultado ainda mais baixo.
A maior parte dos países europeus assiste hoje a sucessivas correções, em baixa, do respetivo crescimento económico. A exceção é Espanha, que prevê que o seu PIB suba 2,5% no corrente ano.
Seja como for, o BCE chega credibilizado a este fim de ciclo no corte de juros, que durou cerca de três anos. Como disse C. Lagarde, “há uma única coisa que é certa: não duvidem de nossa determinação para cumprir o objetivo da inflação a 2%”. Já é uma certeza.