20 jun, 2025
Trump não aprecia a integração europeia. E afirma que ela surgiu para prejudicar os Estados Unidos (EUA).
Como tantas outras afirmações de Trump, esta não é verdadeira. Mais: os EUA incentivaram a integração europeia. Por uma razão simples: no confronto com a Rússia soviética desse tempo, interessava aos governantes americanos evitar que uma Europa dividida e economicamente débil fosse uma presa fácil para Moscovo.
Como escreve o semanário britânico The Economist, “os governos americanos depois da II guerra mundial pressionaram os europeus para intensificarem a cooperação económica e política entre si, dando o exemplo dos pais fundadores da América. Só um continente próspero poderia evitar o desespero que levaria as pessoas a procurarem o fascismo ou o comunismo, afirmou em 1947 o presidente Truman, ao defender a aprovação no Congresso do Plano Marshall”.
O célebre Plano Marshall foi a concretização do empenho americano na reconstrução da Europa. Pouco depois, o general Eisenhower, então presidente dos EUA, louvou os políticos europeus por terem rejeitado o nacionalismo estreito e apostado na redução de barreiras comerciais, bem como na livre circulação de pessoas no quadro da Europa.
Infelizmente, as relações entre os EUA e os países europeus sofreram agora uma alteração de fundo. Em parte por influência de Trump, atual presidente dos EUA, os europeus têm motivos para duvidar se hoje Washington viria em seu auxílio caso um país da Europa fosse agredido militarmente, como foi a Ucrânia.
Por isso a Europa tem agora de encarar a sério ocupar-se da sua própria segurança e defesa. Já não é possível confiar no art.º 5º do tratado da NATO, que consagra o princípio da defesa mútua - um ataque a um membro da Aliança é um ataque a todos os membros da NATO.