Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Reconhecer um Estado palestiniano

19 set, 2025 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O reconhecimento de um Estado que ainda não existe é um sinal de fraqueza, não de força. Parece que os países que vão reconhecer o Estado da Palestina não conseguem fazer mais do que um gesto simbólico e irritar Israel.

Vários países, entre os quais Portugal, preparam-se para reconhecer um Estado palestiniano. Quem não conhecer o assunto poderá pensar que a vida corre de feição aos palestinianos. Só que é o contrário que acontece – o reconhecimento de um Estado que ainda não existe é um sinal de fraqueza, não de força. Parece que os países que vão reconhecer o Estado da Palestina não conseguem fazer mais do que um gesto simbólico e irritar Israel.

O reconhecimento de um Estado palestiniano encontra-se hoje mais longe da realidade do que há 30 ou 40 anos atrás. O atual governo de Israel tem manifestado através de palavras e de ações que não quer que um Estado palestiniano se torne uma realidade.

Assim, Israel tudo tem feito para inviabilizar, na prática, um futuro Estado palestiniano. Quando em 1983 foi assinado o Acordo de Oslo havia pouco mais de 110 mil colonos na Cisjordânia. Agora são mais de 700 mil.

E os colonos judaicos na Cisjordânia, como noutros locais, não hesitam em alvejar a tiro os palestinianos que lhes apareçam pela frente. Não se trata de uma ação à revelia do governo israelita – é uma política sinistra que o governo de Israel promove. O objetivo claro de Israel é tornar impossível que qualquer Estado se instale perto das suas fronteiras.

Poderá dizer-se que muitos países e comunidades árabes não acreditam no direito de Israel existir com maioria judaica. O Hamas tem como compromisso destruir Israel.

Só que ao longo dos anos Israel apresentou-se como uma democracia, raridade no Médio Oriente. Durante algum tempo o mundo acreditou que essa democracia visava a coexistência pacífica de Israel com os palestinianos. Infelizmente, já não é razoável acreditar que essa seja a intenção do governo israelita, onde predomina a extrema direita. O que se passa na martirizada Gaza é mais uma manifestação da aposta israelita de dominar pela força quem se lhe oponha.

Francisco

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