Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Israel e os palestinianos

26 set, 2025 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Numerosos países, sobretudo europeus, reconheceram o ainda inexistente Estado da Palestina. Israel reagiu a este gesto simbólico tornando cada vez mais inviável que um futuro Estado palestiniano venha a existir. Esta atitude por parte de Israel comporta alguns riscos para a democracia israelita.

As relações entre israelitas e palestinianos sempre foram más. O nascimento de Israel, em 1948, fez-se à custa de milhões de palestinianos, forçados a procurar outros locais para viver. Mas a hostilidade entre judeus e árabes agravou-se recentemente com um governo israelita dominado por elementos de extrema direita.

Estes radicais de direita, incluindo alguns que ostentam convicções religiosas fundamentalistas, pensam e agem como se Israel apenas pudesse sobreviver desde que domine pela força militar os seus adversários. O que não favorece qualquer abertura de Israel para encontrar entendimentos sérios com países muçulmanos.

A herança do Holocausto, para esses políticos israelitas de extrema direita, traduz-se numa descrença na paz e na diplomacia, pois apenas valorizam o poderio militar de Israel. Por isso tendem a não dar grande importância às reações negativas internacionais suscitadas por atos considerados como genocídio; é o caso de Gaza, onde mais de 64 mil pessoas, na maioria civis, já terão morrido por causa dos ataques israelitas.

Ainda que muitos dos que protestam contra Israel estejam preocupados com que este país perca a sua aura de democracia, que é uma raridade no Médio Oriente, os governantes extremistas de Israel fazem “orelhas moucas” a esses apelos à paz e ao respeito pelos mais fracos.

Esta atitude por parte de Israel comporta alguns riscos para a democracia israelita. Sondagens recentes mostram que 70% dos israelitas querem um cessar fogo e paz. Os chefes militares de Israel têm consciência de que apostar apenas na força militar do país tem limitações e sobretudo comporta grandes riscos. Mas esses chefes respeitam a democracia e submetem-se ao poder político, por enquanto, embora tornem conhecido o seu desagrado com as atuais políticas de Israel. Até que as coisas cheguem a um extremo.

Um outro risco que Israel corre está em que os Estados Unidos, o seu grande protetor, podem perder a paciência e deixar de apoiar aquele pequeno país, no plano militar, financeiro e diplomático. Esse momento já esteve mais longe – atualmente o número de americanos que têm uma opinião negativa quanto a Israel encontra-se em 53 %; o apoio dos cidadãos dos EUA a Israel está ao nível mais baixo dos últimos 25 anos e tem caído fortemente nos últimos tempos.

Francisco

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