​O melhor da democracia

As eleições autárquicas do passado domingo suscitaram centenas de comentários, dos políticos e dos jornalistas. Houve votações em mais de trezentas câmaras, envolvendo também eleições em mais de 3 mil juntas de freguesia.

Os partidos que concorreram tiveram ganhos e perdas. Todos ou quase puderem salientar um dado positivo do respetivo comportamento eleitoral. O que não significa que não tenha havido partidos globalmente vencedores, como foi o caso do PSD, e partidos que se podem considerar derrotados, face ao que pretendiam alcançar, como aconteceu com o Chega.

Gostaria de chamar a atenção para declarações de Pedro Duarte, cuja coligação venceu a Câmara do Porto. Pela terceira vez, Manuel Pizarro, candidato pelo PS, viu fugir-lhe a vitória no Porto.

Pois Pedro Duarte, na declaração de vitória, dirigiu palavras de grande apreço ao seu principal concorrente, M. Pizarro. Não são habituais elogios aos competidores, mas até fazem sentido.

Por isso o gesto nobre e sincero de Pedro Duarte merece ser assinalado, pois ele traduz o melhor que existe em democracia. Como aqui tenho lembrado, em democracia os competidores pelos votos dos cidadãos não são inimigos, mas adversários. Mas, tanto quanto sei, aquele gesto não terá merecido o justo louvor, tendo passado relativamente desapercebido.

Pedro Duarte, segundo disse, é amigo de Manuel Pizarro. Mas mesmo quando não existem laços de amizade entre os concorrentes pelos votos a um determinado lugar, não se justifica atacar os adversários denegrindo-lhes o carácter. É contraproducente e mancha a imagem da democracia. Mas infelizmente existem políticos que pretendem afirmar a sua virilidade política tentando desfazer a imagem dos concorrentes.

Francisco