03 jan, 2025 • André Rodrigues , Olímpia Mairos
“Há uma sexualização brutal” das mulheres, diz Henrique Raposo no comentário à notícia da Renascença sobre um projeto de três mulheres que tentaram criar uma lista pública de 50 mulheres influentes, fora da chamada bolha mediática, sem que o tenham conseguido.
Para o comentador, tal deve-se a duas razões: a maternidade e o medo da exposição.
“A primeira é que elas infelizmente não chegam ao topo como deviam. E o problema começa na maternidade. É muito interessante observar a linha de ascensão das carreiras deles e delas. Até o primeiro filho, elas estão por cima. Nas faculdades, elas dominam facilmente. A partir do primeiro filho, cai a pique”, nota.
“A linha deles continua a subir, a delas cai, depois só recupera muito mais tarde, aos 40, depois do segundo filho, e começa a subir, mas lentamente, mas já passaram a fase da ascensão, de assumir cargos de chefia, da publicação”, acrescenta.
Na visão de Raposo, isto acontece porque as mulheres “continuam a ficar com o fardo que é criar crianças, criar filhos: são elas que ficam em casa, quando estão doentes, fazem os TPCs, que vão ao médico, vão a reuniões da escola, mais o trabalho de dona de casa”.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo diz que “estamos a regredir, porque a nova geração de rapazes é incrivelmente mais reacionária do que a minha”.
Além disso, há uma segunda razão - sublinha Raposo - e tem a ver com “o medo da exposição”, realçando que “nós vivemos num ecossistema mediático muito agressivo, muito desumanizador”
“É: ‘eu mato-te, eu vou descobrir onde é que moras e eu vou-te bater com pessoas’. ‘És isto, és aquilo...’”, exemplifica.
O comentador dá mesmo dois exemplos que aconteceram, que estão a acontecer todos os dias com duas colegas, "duas miúdas do Expresso e da SIC - a Maria Castelo Branco e a Adriana Cardoso - que são sexualizadas e desumanizadas desta maneira todos os dias e, pior, já há ‘deepfakes’, ou seja, pegam imagens delas e criam vídeos de sexualização brutal”.
Raposo conclui que a mulher, mesmo que chegue ao topo, tem medo de aparecer.