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Energia nuclear é onde há espaço para “mais mitos e mais ignorância”

Henrique Raposo

Energia nuclear é onde há espaço para “mais mitos e mais ignorância”

02 mai, 2025 • Sérgio Costa


Comentador da Renascença considera que o apagão abre oportunidade para refletir sobre o tema da energia, em particular a questão do nuclear.

Numa semana marcada pela questão da energia, Henrique Raposo considera que "é boa altura para mexer nos mitos e erros de percepção sobre a forma mais limpa e eficaz de gerar eletricidade: não, não são as renováveis. É a energia nuclear. Se queremos manter a nossa civilização e ao mesmo tempo combater o excesso de CO2, não é possível evitar o nuclear".

Raposo diz que, na área da energia, o espaço onde há "mais mitos e mais ignorância" é sobre o nuclear.

No espaço de opinião no porgrama da Renascença "As Três da Manhã", Raposo lança uma pergunta: "sabem quantas pessoas morreram em Fukushima, o único problema que tivemos no campo da energia nuclear neste século?"

Raposo diz que tem "feito esta experiência nos últimos meses", pede às pessoas - amigos, familiares, colegas, leitores - uma estimativa sobre o número de mortos do acidente nuclear em Fukushima.

"Uns dizem 100 mil, 50 mil, 200 mil. Quando pressentem que pode ser marosca, descem para cinco mil ou até mil. Mas a resposta certa é: zero, ninguém morreu em Fukushima por causa da radiação. Não morreu, nem morrerá porque não há qualquer indício de aumento da incidência oncológica por causa do desastre. Não há", assegura.

O comentador acrescenta que o "curioso é que, quando se diz isto, as pessoas da audiência desatam a rir: ou riem porque acham que é piada, ou riem porque acham que a pessoa que está a dizer isto só pode ser um idiota, ou riem porque se sentem desarmados e sem perceber então porque é que os média criaram esta grande narrativa do desastre".

"Não por acaso, o Japão está a renovar a sua rede de energia nuclear", afirma.

"Em resumo, a narrativa emocional e mediática que nos foi vendida andava na casa da 'repetição de Chernobyl', mas não foi nada disso, nem de perto, nem de longe. Mas, já agora, quantos mortos causou Chernobyl? Não é o que pensam: morreram 30 pessoas em Chernobyl, naqueles dias ou pouco depois e não houve de novo o tal rasto gigantesco de doentes oncológicos que se dizia inevitável, sobretudo de cancro da tiróide. Em 2005 (30 anos depois) o registo é de 15 mortos confirmados por cancro possivelmente relacionado com a radiação", acrescenta.

Raposo faz ainda um exercício de comparação, sobre "oito milhões de pessoas morrem todos os anos devido à poluição provocada por coisas que temos ao nosso lado como carros e lareiras; três milhões causados por poluição dentro de casa e o resto com a poluição exterior".

"Oito milhões de mortos por ano vs. zero em Fukushima e 45 em Chernobyl. Ou, nas estimativas mais pessimistas, entre 96 a 385 mortos. Portanto, ao todo, a energia nuclear matou – no máximo – perto de 400 pessoas durante todas estas décadas. A poluição convencional que aceitamos como normal mata oito milhões por ano. Os factos são muito claros e mostram-nos que os nossos coletivos nada devem ao racional", remata.

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