19 mai, 2025 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença Henrique Raposo diz que a esquerda perdeu a noção da realidade.
Na análise aos resultados das últimas eleições, em que o Chega conquistou mais de 1,345 milhões de votos, Raposo destaca que “a AD - o centro-direita clássico de sempre -, se nada mudar, será a esquerda em breve, contra uma extrema-direita que parece imparável”.
“E, nesse sentido, e para dar ânimo ao PS que dançou no Jamaica, acho que isto pode ser uma oportunidade histórica para o PS”, aponta.
Desde logo, porque - na visão de Henrique Raposo -, “a esquerda revolucionária morreu, o PCP e o Bloco de Esquerda morreram ontem”.
Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui
O comentador destaca, no entanto, que “nasceu um partido muito interessante à esquerda do PS, que é o Livre, que é verdadeiramente de uma esquerda europeísta e realmente reconciliada com aquilo que o país é: um país moderado e da União Europeia, algo que o PCP e o Bloco de Esquerda nunca conseguiram conciliar”.
“E, nesse sentido, a regeneração da esquerda. E nós precisamos da esquerda, porque a alternativa à AD não pode ser o Chega, passa por uma coligação”, aponta, explicando que, “se o PS e o Livre não fizerem a sua própria AD, a AD original será a esquerda em breve”.
Na perspetiva de Raposo, “infelizmente, a luta de classes, que era o coração da esquerda, foi abandonada pela própria esquerda e entregou essa luta de classes ao Chega”.
Questionado sobre se não vê no PS ninguém que possa recentrar, mudar, o comentador diz que, antes de se falar de pessoas, é preciso falar daquilo que é a esquerda.
“Para ser a esquerda, tem de falar da luta de classes. E a luta de classes é suja, é difícil, gera conflito, e a esquerda, que se tornou dominante, e até nos mídias, é muito burguesa, é muito ‘clean’”, observa.
Por fim, Raposo dá o exemplo das greves dos transportes que “prejudicam, sobretudo, os mais pobres e são defendidas pela esquerda”.
“A margem sul é massacrada pela greve dos transportes, há anos e anos. Em quem é que votou a margem sul?”, remata.