15 set, 2025 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença, Henrique Raposo, considera que grande parte dos problemas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) têm origem nos próprios clínicos.
“Os médicos tarefeiros querem ganhar mais dinheiro por serem tarefeiros e não ficarem alocados a uma unidade e não querem fazer horários chatos. É só isto”, exemplifica, explicando assim o que aconteceu este sábado, quando os médicos prestadores de serviços que iam assegurar a urgência no Hospital Garcia de Orta, em Almada, mostraram-se indisponíveis para cumprir a escala.
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Questionado sobre a promessa da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, de garantir, já este mês, uma unidade sempre aberta na margem Sul, Raposo critica a forma como o Governo tem comunicado.
“Este Governo é um desastre de comunicação. Há um calendário a cumprir. Se ela [a ministra] não resolver este assunto em tempo útil, tem de ir embora”, defende.
Na sua perspetiva, resolver os problemas do SNS exige firmeza política: “É preciso ter coragem de dizer que os médicos não mandam. É ter coragem de dizer ao Barreiro e a Setúbal que é Almada que deve ficar com o hospital.”
No espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo reforça que “não há nada mais reacionário em Portugal do que as corporações que trabalham para o Estado”. Lembra ainda que, há anos, se repete o mesmo diagnóstico: a margem Sul precisa de um grande hospital.
“Toda a gente sabe que é o Garcia de Orta, em Almada. É preciso concentrar ali os meios”, sublinha.
Para o comentador, a solução não avança devido a dois entraves: o regionalismo e o corporativismo dos médicos.
“São os dois maiores vícios da nossa cultura política. Um é o regionalismo — a minha cunha é melhor que a tua. Já ouvi aqui na antena autarcas da margem Sul a dizer que seria uma falta de respeito para o Barreiro, o Montijo ou Setúbal. Isso é impossível. O outro é o corporativismo dos médicos. Os ministros mudam, já tivemos milhares de ministros da Saúde, mas os problemas persistem. É caso para perguntar: se calhar o problema é dos médicos.”, sublinha.