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Isto Não é Só Europa
Como estamos a proteger-nos de uma possível guerra? E sabia que a Europa quer fazer crescer as suas poupanças? Estas são perguntas sobre a União Europeia, mas que devem interessar muito às nossas vidas. Aqui explicamos porquê. “Isto não é só Europa" é um podcast Renascença/Euranet Plus, publicado à quinta-feira, quinzenalmente, da autoria do jornalista Alexandre Abrantes Neves.
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Mais um dia de fim de semana? A IA pode trazê-lo
Ouça aqui o episódio desta semana. Imagem: Rodrigo Machado/RR

Isto não é só Europa

Mais um dia de fim de semana? A IA pode trazê-lo (ou tirar empregos)

23 out, 2025 • Alexandre Abrantes Neves , Beatriz Martel Garcia (sonorização)


João Rocha e Melo, especialista em Inteligência Artificial, acredita que a eficiência vai fazer mudar muito nas empresas, mas pede atenção ao setor público. Já sobre a eliminação de postos de trabalho, acredita que Portugal alcançará "paz social".

Pode ser um dos efeitos da introdução da Inteligência Artificial (IA) nos ambientes laborais: o aumento da eficiência pode dar força às ideias de reduzir a semana de trabalho para quatro dias. Para o especialista e consultor em IA, tudo isto está ainda muito dependente de “incentivos financeiros”, mas o “ideal” seria ter uma mudança de mentalidade o mais rapidamente possível – e para isso deixa propostas ainda “mais arrojadas” do que a semana de quatro dias.

Quero pegar em 20% da população e dizer: ‘Vocês não precisam de trabalhar’. Porque o que está a acontecer agora é: 80% da minha equipa, 70% da minha equipa, 50% da minha equipa já consegue cumprir o trabalho”, sugere no podcast Renascença/EuranetPlus “Isto não é só Europa”.

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A solução daí para a frente – nomeadamente para garantir a sustentabilidade da segurança social – ainda é um “problema” por resolver, mas uma garantia deixa: nos próximos 50 anos, vai ter de haver uma mudança. “Nós temos tarefas para ter pessoas a trabalhar oito horas por dia, cinco dias por semana?”, questiona.

Um dos setores que pode lucrar mais com o aumento da eficiência (o FMI prevê um crescimento na economia mundial até oito décimas), na leitura de Rocha e Melo, é a administração pública – apesar de temer que a redução de tempo em executar tarefas possa aumentar ainda mais a oportunidade de exigir burocracia nos serviços públicos.

“O meu medo é: vai ser tão fácil montar processos burocráticos [com a IA] que eu tenho medo que qualquer diretor, subdiretor, gestor dentro do setor público, que de cada dia de manhã tenha uma ideia de um processo novo”, considera.

Portugal tem “paz social” para reestruturações nas empresas

A IA já entrou em muitas empresas portuguesas, mas o ritmo não é igual para todas e, na perspetiva de Rocha e Melo, ainda se pode ter de esperar “cerca de 15 anos” até esse tipo de tecnologia entrar em ambientes onde a presença de ferramentas digitais ainda é residual, nomeadamente em certas fábricas e indústrias.

Quando isso acontecer, a IA já fará muito mais do que a “gestão básica de conhecimento” que “faz e responde a perguntas” e o risco de substituição de pessoal por tecnologia é maior. Esse plano de reestruturações já está em marcha por algumas empresas, acredita Rocha e Melo, mas duvida que isso vá prejudicar a relação entre trabalhadores e empresas.

“Eu quero acreditar que há alguma paz social, como tu dizes. Temos também de nos lembrar que há uma renovação das pessoas. As pessoas vão saindo, vão se reformando e outras vão entrando”, considera, adicionando que Portugal “é um país equilibrado nesse sentido”.

UE tem de olhar para as questões sociais da IA

Neste episódio do “Isto não é só Europa”, João Rocha e Melo responde a várias perguntas de ouvintes. Uma delas veio da Carla, professora do ensino básico e secundário, que se mostrou preocupada com o aumento de desigualdades, junto das populações mais desfavorecidas que não possam aceder a este tipo de tecnologia. Para o especialista em IA, o problema existe, mas o reverso também.

“Eu até acho que a IA aproximou quem tem menos recursos de quem tem mais recursos. Porque a verdade é, embora sejam precisos alguns recursos, são recursos que já estão algo massificados. O ChatGPT é para todos e é grátis na internet”, defende.

Ainda assim, e quando até estas “condições básicas” faltam, Rocha e Melo defende que deve ser o Estado a chegar-se à frente – e essa reflexão deve começar em Bruxelas.

“A UE teve uma perspetiva mais de segurança, ainda não houve uma preocupação, pelo menos, regulatória, assim social – de qual é o impacto disto, a preocupação da inteligência artificial, se é uso abusivo, se é segurança de dados, se é certos setores não poderem fazer certas coisas”, apelou.

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