16 jan, 2025 • André Rodrigues , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença João Duque diz que a possibilidade de os contribuintes poderem pagarem o IUC (Imposto Único de Circulação) até ao final do ano “é uma forma mais simpática de depenar o ganso”.
Citando John Pollar, o economista destaca que “o imposto é a arte de depenar um ganso, fazendo-o gritar o menos possível e obtendo a maior quantidade de penas possível”, explicando que “nós somos os gansos e, portanto, há que depená-lo, mantendo-o vivo, buscando a maior quantidade de penas que são os impostos”.
O novo programa de simplificação fiscal prevê que o Imposto Único de Circulação deixe de ter de ser pago no mês da data da matrícula, passando a haver uma data-limite única para todos: até 31 de dezembro. Ou seja, todos têm o ano todo para pagar o selo do carro - que também poderá vir a ser pago em duas prestações, se o valor for superior a 100 euros.
“Isto está dentro da estratégia do Governo” e vai dar “um bocadinho mais de liberdade às pessoas no pagamento dos impostos”, assinala o economista, destacando que “quem pagava em janeiro, pode agora fazê-lo até dezembro e, portanto, dá-se alguns meses em média aos portugueses e tem uma vantagem, que é nós não nos esquecermos”.
Questionado sobre como é que ninguém teve esta ideia antes, Duque diz que talvez seja “porque, se calhar, não se preocupam muito com a forma, como se costuma dizer, que são os impostos”.
Na visão de João Duque, porque “os ministros de Finanças, não tendo sido ou estado relacionados com fiscalidade, não sendo muito sensíveis, porque não trabalharam na contabilidade, na fiscalidade, etc., muitas vezes não compreendem aquilo que é a confusão, o emaranhado de regras, datas, de incumprimentos, etc., e de procedimentos que as obrigações fiscais impõem”.
“Portanto, todas estas medidas que são agora anunciadas vêm no sentido de tentar simplificar e isso é uma questão muito importante”, assinala.