28 jan, 2025 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença João Duque diz que o cenário caótico que se vive nos comboios da Fertagus é consequência da falta de investimento público.
Apesar de terem sido assumidas medidas de incentivo ao uso de transporte público, nomeadamente o passe ferroviário verde, não foram asseguradas as melhores condições para os utentes.
“Convidaram as pessoas para uma festa e depois não há”, diz o economista, comparando o que acontece com os comboios com algo que terá acontecido na terra da mãe.
“Acho que havia um senhor que começou a convidar muitas pessoas para uma matança de porco e duas semanas depois perguntaram, então a matança? E ele diz, ainda não comprei o porco”, conta.
“É um bocadinho assim”, diz Duque, assinalando que “ainda não comprámos comboio e já estamos a dizer que era bar aberto e, de facto, não se percebe como é que é possível reduzir as composições, reduzir os horários, a frequência…”.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, João Duque sublinha que o problema pode residir na “inexistência de composições para poderem ser utilizadas no transporte das pessoas, nas horas de pico”, justificando com a falta de investimento.
“Porque o investimento público caiu para valores historicamente nunca vistos a seguir à entrada da Troika. E atenção: o grande sucesso da recuperação dos déficits foi a ausência de investimento público. Porque nós passámos para níveis absolutamente recordes de 2015, 2016, 2017, 2018. Nem o período da Troika foi tão mau. Foram cinco anos seguidos de péssimo, no sentido de mau, muito baixo investimento público, que, depois, teria estas consequências”, lembra.
Para Duque, “um ano ou dois aguenta-se. Muitos anos seguidos, não. O efeito é este. Na altura aproveitou-se para gastar em consumo corrente, em vez de investimento. E agora temos a consequência”.