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Violência doméstica tem custos económicos significativos
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João Duque

Violência doméstica tem custos económicos significativos

03 jun, 2025 • André Rodrigues , Olímpia Mairos


O comentador da Renascença analisa os custos diretos e indiretos da violência doméstica.

Embora seja difícil estimar os custos económicos da violência doméstica, o comentador da Renascença João Duque não tem dúvidas de que tais custos são significativos.

Para ilustrar as consequências dos comportamentos de violência doméstica e os seus custos, o economista recorre a um trabalho desenvolvido pelo European Institute of Gender Equality (Instituto Europeu para a Igualdade de Género), de 2014, que dá conta de um impacto económico na ordem dos “2 mil e quase 300 milhões de euros”.

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Segundo Duque, o fenómeno abrange custos diretos e indiretos, explicando que, “pelo facto de serem vítimas de violência doméstica”, as pessoas acabam por não ser assíduas ao trabalho e “não é só a curto prazo, é também a longo prazo, porque as pessoas acabam por desenvolver traumas que as impedem de ter uma vida normal e, por isso, acaba por afetar aquilo que é a sua produtividade e rendimento do trabalho”.

“Para além disso, temos os custos indiretos, como, por exemplo, o tratamento das pessoas que depois chegam aos centros de saúde, aos hospitais, etc, que estão a usar recursos que não usariam naturalmente, se não fossem vítimas deste tipo de tratamento”, sinaliza, acrescentando também os custos com a justiça e a polícia.

O comentador alerta ainda para um outro tipo de violência - o chamado de abuso económico -, em que, por vezes, “as pessoas são impedidas de trabalhar e essa violência pode não ser uma violência física, mas é uma violência psicológica e de comportamento que, impedindo a pessoa de trabalhar, torna-a dependente e, portanto, isso também tem um impacto muito grande, porque as pessoas, depois, ficam vítimas da situação em que estão e incapazes de dar o chamado grito de piranga, para saírem de casa e da situação opressiva em que vivem”.

Por fim, o professor universitário frisa que as vítimas continuam desprotegidas, destacando que, para além do problema de natureza psicológica ou física, a situação “aumenta a dificuldade da resolução do problema na perspetiva da vítima, que é pensar muitas vezes: ‘como é que eu vou sair daqui’; e, por vezes, ainda: ‘como é que eu vou ter capacidade para garantir que os meus descendentes possam vir comigo ou, pelo menos, estar comigo minimamente’”.

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  • Albertina
    05 jun, 2025 Oeiras 11:21
    Eu fui vítima de violência doméstica passados 14 anos ainda sofro da não ajuda que tive é falo de Tribunais, Ordem dos Advogados APAV A minha vida ficou destruída A violência doméstica tem que ser combatida com ações e nada serve fazer pedidos ou apresentar ações. A Lei tem de mudar, os juizes tem de mudar, os funcionários judiciais corruptos tem de sair… Nunca vou esquecer as horas passadas no Tribunal e a olhar para os cartazes colocados por todo lado contra a violência doméstica , mas quem nos ajuda ? Como saímos dela ?