20 jun, 2025
Somos um país relativamente pequeno, em dimensão geográfica, no extremo ocidente da Europa, com cerca de 10 milhões de habitantes. Geograficamente, com as mais pequenas dimensões dos últimos 5 séculos. Isso fará de nós um pequeno país? Depende de onde se olha e do modo como se olha, da ambição, do orgulho e da esperança que coloquemos nesse processo. Da leitura histórica e da posição no mundo que pretendemos (realisticamente) ocupar. Dos níveis de exigência, de superação e de excelência que nos impomos. São temas que merecem ser refletidos no início de um novo ciclo.
Vivemos embrenhados em temas correntes, muitas vezes menores, mas ruidosos, ou a gerir urgências e absolutamente ninguém se procura comprometer ou dedicar esforço a desenhar um futuro a mais longo prazo, se possível desenvolvido na diversidade, convergente e participativo. É um tema que queima, que compromete e que será responsabilidade de outrem. O que é próprio de quem lidera é sonhar, ambicionar, viver com propósito e pretender deixar um legado para o futuro, para as próximas gerações e não apenas em temas de gestão corrente. Celebramos e ficamos satisfeitos porque cumprimos o que nos propomos, mesmo que seja pouco ou pouco ambicioso.
Portugal e os portugueses têm um enorme potencial, muitas vezes desperdiçado, pouco aproveitado. O investimento em educação deve servir para requalificar a economia e promover um desenvolvimento económico e social com um novo vigor. Correndo riscos e gerindo com ambição e prudência, sabedoria e audácia, rigor e sentido do bem comum, criando riqueza e distribuindo de forma justa. Os sucessos dos portugueses além-fronteiras, internacionalmente, devem desafiar-nos a pensar nas oportunidades de desenvolvimento que poderíamos proporcionar no nosso país e no talento enorme que precisa de ser alavancado. Falta audácia e coragem nos atuais líderes, nos quais me incluo.
A sociedade civil não pode ficar à espera que o Estado ajude ou apoie ou resolva, mas deve, ela própria, ser agente de transformação. É nas empresas que se gera emprego, que se produz com eficiência e eficácia, em busca de maior competitividade, que se compete, cabendo ao Estado ser um agente complementar que apoie e ajude no desenvolvimento. O mérito deve ser critério que não pode ser considerado de forma isolada, mas em conjunto com o sentido de justiça social e a geração de oportunidades para os mais desfavorecidos.
A excelência, ética e exigência pessoal e coletiva, institucional, empresarial ou de serviço público devem imperar sobre o interesse estritamente pessoal ou corporativo, o favorecimento indevido, o enviesamento ou a perda de transparência. Estes são, na verdade, fatores inibidores ao desenvolvimento e crescimento, provocam a divisão e quebram a tão necessária confiança.
Temos uma longa história, com erros certamente, mas, fundamentalmente, com inúmeros motivos de orgulho, de conquistas, de superação, de promoção de uma cultura de valores e de tolerância. Temos de nos inspirar na coragem de quem partiu ao desconhecido, arriscou a vida, acreditou, deu a vida por ideais e evangelizou em terras distantes. Se assim o fizermos, seremos um grande país ao qual me orgulho de pertencer.