José Luís Ramos Pinheiro
Opinião de José Luís Ramos Pinheiro
A+ / A-

O pior cenário possível

15 mai, 2025 • José Luís Ramos Pinheiro • Opinião de José Luís Ramos Pinheiro


Com governos na corda bamba não teremos visão de futuro nem desígnios nacionais.

O que se joga nas eleições de Domingo é a governabilidade de Portugal - governabilidade tanto mais importante, quanto mais ingovernável parece o mundo em geral.

Numa situação internacional nova e incerta, manda a prudência que os portugueses optem claramente entre as duas únicas soluções que podem oferecer estabilidade: Um governo liderado pela coligação PSD/CDS ou uma solução encabeçada pelo PS.

Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui

A pulverização de votos pelos pequenos partidos – tanto à direita, como à esquerda – vai contribuir para soluções frágeis, que dificilmente aguentarão os quatro anos da legislatura.

De outro modo: se no final da noite de domingo, os resultados forem idênticos aos de há um ano – vitória mínima da coligação PSD/CDS ou vantagem estreita do PS – continuaremos no limbo.

Quanto maior for a dispersão de votos pelo Chega e pela Iniciativa Liberal ou pelo Livre, Bloco de Esquerda e CDU maior será a dificuldade de formar um Governo sólido, com horizonte estável.

A fragilização do centro político e o crescimento dos extremos aumentará a conflitualidade política e a inoperância na solução dos problemas que mais afetam Portugal.

Seria útil que temas graves como os da Saúde, Educação e Pobreza fossem objeto de acordos de regime. Em qualquer daquelas áreas, são indispensáveis políticas de longo prazo, aplicáveis por diferentes maiorias políticas e em várias legislaturas.

Porém, com governos prematuramente derrubados – primeiro, o de António Costa e agora, o de Luís Montenegro – nunca avançarão tais acordos nem políticas estáveis que enfrentem, estruturalmente, carências da saúde, insuficiências da educação e tragédias da pobreza.

Com governos na corda bamba não teremos visão de futuro nem desígnios nacionais.

Com governos politicamente débeis continuaremos a gerir o curto prazo, com medo e em redobrada fragilidade.

Com governos sem visão reformista nem amplo apoio do país voltaremos a cair nos índices internacionais de desenvolvimento económico e humano, ultrapassados por muitos países que fizeram desse desenvolvimento um desígnio nacional.

Se alguma coisa aprendemos com o que se passou no último ano - e que esta campanha eleitoral confirmou – é a clareza dos cenários.

À direita, Luís Montenegro só governa se ganhar as eleições e PSD/CDS podem até entender-se com a IL, mas nunca com o Chega.

À esquerda, Pedro Nuno Santos admite governar, mesmo perdendo, mas a geringonça que lhe vai na alma de nada lhe valerá, se a esquerda for minoritária no parlamento.

Neste quadro, para assegurarem uma governação estável, tanto Luís Montenegro como Pedro Nuno Santos precisam de resultados robustos.

Dir-se-á que nenhum dos líderes reúne todas as condições, que nenhum partido oferece a necessária confiança, que nenhuma solução será perfeita. Talvez.

Porém, a essência da democracia é escolher o melhor cenário possível. E a ausência de um resultado politicamente claro nas eleições legislativas de 18 de maio é o pior de todos os cenários.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.