21 ago, 2025 • Lara Castro
A puosta mirandesa é um daqueles pratos que já conquistou o país. Mas não nasceu nos restaurantes com guardanapos de pano branco. Nada disso. A origem está nas feiras de gado. Por cá, onde havia feira, havia carne: taberneiros e ambulantes faziam uma braseira, matavam o animal — fosse porco, vaca ou ovelha — e assavam ali mesmo, só com sal.
O nome puosta vem exatamente daí: a carne era posta em cima do pão. Mas só mais tarde - esta puosta saltou da feira para um restaurante. E é aí que entra a Ti Gabrila — uma mulher de Sendim, uma vila do concelho de Miranda que emigrou para França. Foi lá que aprendeu técnicas de cozinha francesa, incluindo a técnica da emulsão que deu origem ao famoso molho da puosta: vinagre, azeite e o suco da carne.
Ao regressar, abriu uma taberna, em Sendim, e passou a servir engenheiros que chegavam à região para construir barragens. Assim, a receita sedentarizou-se e tornou-se num fenómeno cultural. Hoje, muitos restaurantes da região servem o prato, mas fica a dica: se for a Miranda, procure uma vaquinha na porta dos restaurantes. É o selo que garante que a carne é mesmo da raça certa.
E já que estamos a falar de carne, a palavra de hoje é chicha — que em mirandês significa carne.
Mal passada ou no ponto, fica servida a história da puosta mirandesa.
Às terças e quintas, ao fim do dia, durante o mês de Agosto, põe-se a Lhéngua de Fuora para aprender mirandês, uma palavra de cada vez.
Esta é uma rúbrica Renascença em colaboração com a Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), com produção e apresentação de Lara Castro, sonorização de Beatriz Garcia e imagem gráfica de Rodrigo Machado.