26 ago, 2025 • Lara Castro
Além da língua, o mirandês é também ritmo, melodia e tradição. Nas vilas e aldeias de Miranda, ainda se ouvem cantigas e lenga-lengas que ecoam há séculos. Esses cantares são um fio que nos liga ao passado — e que, hoje, artistas e grupos locais continuam a preservar.
Do tradicional ao rock, há de tudo um pouco. Os Galandum Galundaina recolhem histórias das gentes da terra e cantam-nas ao mundo.
Las Çarandas também seguem o rasto da tradição, com vozes femininas e alma antiga.
Mas a música mirandesa não parou no tempo. Vieram os TRASGA, únicos no folk original mirandês. Cantam na língua charra — e até os instrumentos são feitos por eles!
E se o mirandês já tem rock? Tem pois! Os Pica & Trilha misturam histórias, guitarras, bateria e atitude. O resultado? Um álbum chamado Lhabradores al Poder — e a certeza de que o mirandês pode gritar bem alto!
A palavra de hoje também se ouve: fraita, que quer dizer flauta. A fraita tamborileira é um instrumento típico das Terras de Miranda. Feita de madeira, tem apenas três buracos, mas cada um pode gerar várias notas, dependendo da força do sopro. Ao lado da fraita, há ainda gaitas-de-foles e sanfonas — todas feitas à mão, com tempo e dedicação.
Se a música é espelho de um povo, o mirandês não podia soar melhor. E enquanto houver quem a cante… haverá sempre quem a entenda.
Às terças e quintas, ao fim do dia, durante o mês de Agosto, põe-se a Lhéngua de Fuora para aprender mirandês, uma palavra de cada vez.
Esta é uma rúbrica Renascença em colaboração com a Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), com produção e apresentação de Lara Castro, sonorização de Beatriz Garcia e imagem gráfica de Rodrigo Machado.