Novas Crónicas da Idade Mídia
O que se escreve e o que se diz nos jornais, na rádio, na televisão e nas redes sociais. E como se diz. Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo são quatro jornalistas com passado, mas sempre presentes, olham para as notícias, das manchetes às mais escondidas, e refletem sobre a informação a que temos direito. Todas as semanas, leem, ouvem, veem… E não podem ignorar. Um programa Renascença para ouvir todos os domingos, às 12h, ou a partir de quinta-feira em podcast.
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​A confissão de culpa de Assange
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Novas Crónicas da Idade Mídia

​A confissão de culpa de Assange

28 jun, 2024 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo


O acordo com as autoridades norte-americanas, em que Assange se considera culpado de espionagem, põe fim a um longo cárcere de mais de uma década, entre o asilo na embaixada do Equador em Londres e uma prisão britânica de alta segurança.

A Media Capital responde à Media Livre com um novo canal de televisão no mesmo território da CMTV, depois de a dona do CM ter estreado há uma semana o Now, que pretende disputar audiências à CNN/Portugal e à SICNotícias. Crime e futebol são os conteúdos âncora da nova aposta da MC que deverá arrancar daqui a um mês, em Agosto, dirigido por Hugo Andrade, um excelentíssimo profissional, experiente, com visão do negócio dos Media e com grande capacidade de mobilização de equipas.

Julian Assange foi libertado, 14 anos depois de ter divulgado centenas de documentos que tornaram o australiano, hoje com 52 anos, um herói para uns e um criminoso para outros, acusado de atentar contra a segurança nacional dos Estados Unidos.

O acordo com as autoridades norte-americanas, em que Assange se considera culpado de espionagem, põe fim a um longo cárcere de mais de uma década, entre o asilo na embaixada do Equador em Londres e uma prisão britânica de alta segurança.

A Federação Internacional de Jornalistas considera a libertação do australiano como uma vitória para a liberdade dos media, mas a argumentação americana foi sempre a de que não se tratava de um jornalista, mas de um ativista e pirata informático.

A confissão de culpa do fundador da Wikileaks é uma preocupação muito séria para o jornalismo. A solução encontrada, sem absolvição, é um aviso aos diretores de informação, editores e jornalistas de que não é seguro publicar material confidencial, mesmo que isso seja do interesse público?

No domínio nacional, a questão do interesse público pode colocar-se em relação às escutas a António Costa, que a TVI revelou, embora neste caso se trate de violação do segredo de Justiça. Escutas que integram um processo podem ser publicadas? Não, não podem. Mas se o material é do interesse público, o primeiro critério do jornalismo, independentemente de como as escutas foram obtidas, devem ser mostradas. No caso, é relevante saber que o ex-primeiro-ministro António Costa ordenou que a ex-presidente da TAP fosse removida do cargo. O problema é também de outra natureza. Pode um cidadão, mesmo no exercício de um cargo público, ser escutado (como aconteceu com o ex-ministro Galamba durante 4 anos)? Não, não devia. Como dizia Marçal Grilo, na RTP “é um clássico dos sistemas totalitários. Isto não é escuta. É vigilância”. António Barreto, no Público, resolve os excessos de uma forma simples: proibir as escutas.

A confissão de culpa de Assange
A confissão de culpa de Assange

Ainda no domínio da liberdade de imprensa e do livre acesso à informação, a Rússia decidiu bloquear mais de oitenta órgãos de informação ocidentais, entre os quais o Expresso, o Público, o Observador e o canal internacional da RTP. Trata-se de uma retaliação pela proibição pela União Europeia da difusão de meios de comunicação russos. A informação e, sobretudo, a desinformação, vão ser armas absolutamente centrais neste tempo de pré-guerra que vivemos. Proibir resolve alguma coisa? Ou, pelo contrário, ajuda à desinformação?

A UEFA tem regras muito claras sobre a transmissão dos eventos desportivos que promove. Não mostrar violência ou invasores do campo de jogo, nomeadamente. De acordo. Mas o episódio do miúdo Berat (com Ronaldo) correu mundo e todos vimos as sucessivas invasões no Portugal/Turquia, mesmo após o final do jogo, com um segurança a “fazer um carrinho” que podia ter lesionado seriamente Gonçalo Ramos. O que ficou visível foi a falta de segurança em torno do jogo e dos jogadores. Se em vez do miúdo Berat, e os outros folgazões, alguém quisesse atingir mesmo os jogadores de forma contundente? A UEFA vai ter de corrigir a irresponsabilidade.

A União Nacional está embalada. A acreditar nas sondagens, não parece haver muitas dúvidas: Le Pen vence; a Nova Frente Popular da esquerda (uma extraordinária reedição de 1936) fica em segundo; o centro de Macron escangalha-se, agravado ainda pela divisão dos Republicanos. Nuno Severiano Teixeira escreve no Público desta quarta-feira que “acabaram as linhas vermelhas…” e “o velho consenso político dos partidos do mainstream para manter a extrema-direita fora do poder”. Dentro de uma semana e pouco saberemos se tem razão.


Em suplemento ao programa, nos grandes enigmas, algo que é mais um desejo. Martinez, o selecionador nacional de futebol, fala português pelos cotovelos, canta com sentimento o Hino nacional, diz “o nosso país” quando se refere a Portugal. Devia atribuir-se-lhe já a nacionalidade, antes que alguma coisa corra mal. Porque é que o Metropolitano não passa para Metro de superfície? Resolvia-se de vez o problema das escadas rolantes que estão sempre avariadas. Carlos Moedas, em resposta a Miguel Sousa Tavares, informa que plantou jacarandás e plátanos na baixa de Lisboa. A verdade é que uma boa parte deles não vingou. Por que é que o presidente da Câmara não os manda substituir? Quem roubou o telemóvel a António Costa? No mínimo, é preciso apurar quem foi o mandante.

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