17 jan, 2025 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo
A rádio mantém uma relevância inquestionável no quadro dos Media tradicionais e é, talvez, o único que avançou para o digital com uma identidade própria de que os podcasts são um exemplo eloquente.
De acordo com a última vaga do estudo regular da Marktest (Bareme, Dez.2024), mais de 5 milhões de pessoas ouvem rádio todos os dias. Se considerarmos a escuta múltipla (cerca de 40% ouve mais do que uma rádio), os números sobem para mais de 7 milhões.
Os grupos RR e Bauer fidelizam mais de 4 milhões e meio de pessoas, restando para o grupo público pouco mais de meio milhão de ouvintes. As rádios musicais, no seu conjunto, dominam o mercado, com RC e RFM a alcançarem mais de 3 milhões de ouvintes. As rádios de palavra – RR + A1 + TSF + Observador – têm vindo a ganhar terreno, situando-se nesta última vaga em torno do milhão e meio de ouvintes, registando um crescimento no último ano de quase 100.000 ouvintes.
O contrato de concessão da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) traz uma novidade: o crescimento da CAV (Contribuição Audiovisual) para um pouco mais de 212 milhões de euros, acrescentando 17 milhões ao atual encaixe. Se não há notícia do aumento da CAV, a que se deve este incremento? Ao alargamento do universo de consumidores de eletricidade?
Com a manifesta falta de habituação no país, parece pouco provável. O documento admite uma redução do custo com recursos humanos até 2026 (atualmente mais de 50% do valor da CAV), através de um plano de rescisões, mas o impacto retomará o seu curso ascendente até 2028, situando-se claramente acima dos 100 milhões. Contas feitas, somadas as receitas publicitárias que o Governo desistiu de cortar, a RTP terá um orçamento global de 235 milhões de euros. Se tomarmos como referência o principal canal de televisão (RTP1), o investimento em conteúdos é modesto, 80 milhões de euros, apenas mais 2 milhões do que a cifra atual, perdendo claramente na comparação com a progressão do valor despendido com salários.
Elon Musk explica que o futuro é o jornalismo do cidadão, declaração controversa, mas que não traz nenhuma novidade. A ideia do prosumer foi muito divulgada e fez caminho: qualquer consumidor pode ser, simultaneamente, produtor de conteúdos. Já os cubanos, no tempo de Fidel, defendiam a ideia do cidadão/repórter. No fundo, é o que temos já hoje nas redes sociais: Informação sem contraditório, sem cruzamento de fontes, que dispensa a intermediação. E este é o ponto: a declaração de Musk é um ataque claro à intermediação profissional, elemento central na informação produzida historicamente pelos Media. Musk sabe disso.
O ambiente começa a ficar cada vez mais turvo com a decisão de Zuckerberg de abandonar o fact-checking, para já nos Estados Unidos, e com a previsível reconversão da decisão da administração Biden de obrigar o TikTok a deixar a tutela chinesa. Steve Bannon, ex-conselheiro de Trump, não tem dúvidas: “Elon Musk é um tipo maldoso, é um racista”.
A instalação de uma oligarquia que detém empresas tecnológicas de comunicação – Biden referiu-se a esta nova casta no seu último discurso –, deficitária em valores democráticos e de cidadania, suscita enorme apreensão. O Expresso estreia esta quarta-feira (22) as “Memórias de Balsemão”, produzida pela Instinct, de Nuno Ribeiro, com recurso a AI, área em que esta empresa se tem destacado. A utilização da IA, designadamente a clonagem de voz, pode ser uma preocupação dos nossos dias? É já uma preocupação. Que deve ser objeto de reflexão, discussão pública e regulamentação.
Na sondagem da Pitagórica para a TVI, a maioria dos inquiridos (57%) concordam com a ação policial do Martim Moniz; 27%, condenam. À pergunta se a ação foi racista, a resposta é esmagadora: 65% acha que não; apenas 20% considera que foi racista. Este resultado vai no sentido oposto à narrativa da maioria dos comentadores dos Media.
Em ano de eleições autárquicas e presidenciais em Portugal, Donald Trump toma posse esta segunda-feira (20) como 47º Presidente dos Estados Unidos. Uma sondagem do European Council of Foreign Relations, revelada pelo Público (15) diz que a UE vê com cautela, no mínimo, a chegada de Trump, enquanto o chamado Sul Global, a China e a Rússia mostram-se entusiasmados.
A contrário do que reflete a sondagem, Trump é uma oportunidade para a Europa como escreve Durão Barroso? No texto originalmente publicado pelo “The World Today”, revelado pelo Expresso na edição da semana passada (10), o ex-Presidente da Comissão Europeia defende que a chegada de Trump à Casa Branca “pode funcionar como catalisador para a Europa. Se reagir de forma estratégica, a UE tem a oportunidade de deixar de ser um adolescente geopolítico e afirmar-se no cenário mundial, ao lado da América e da China”. E socorre-se de Jean Monet: “a Europa será forjada em crises e será a soma das soluções adotadas por essas crises”.
No suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, o poder judicial e o poder político veem realidades diferentes? Depois das obras na linha do Oeste, os comboios ficaram mais lentos 10 minutos. Será que o nosso TGV também vai ser mais lento? O acordo ortográfico serviu para alguma coisa? O que disseram ao sr. Procurador-Geral os olhos dos procuradores da Operação Influencer? A Nação não se contém de ansiedade.