02 mai, 2025 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo
Esta semana (segunda, 28) a rádio voltou a ser o porta-voz de uma revolução. Também em Abril. Milhares de portugueses correram para as lojas para comprarem aparelhos de rádio a pilhas, que esgotaram rapidamente; muitos mantiveram-se nos carros para poderem ouvir a rádio. As rádios nacionais desformataram as programações e produziram emissões especiais com informação permanente, credível. Sem alarme. Renascença, Observador e Antena 1 ganharam uma importância capital quando todas as comunicações colapsaram. A rádio pública tomou mesmo a decisão, que se saúda, de fazer uma única emissão, com um simultâneo de todos canais nacionais e internacionais, incluindo as ilhas.
Há décadas que vários responsáveis do sector explicam aos poderes instituídos o papel decisivo da rádio como fator de coesão nacional, em situações de emergência ou de calamidade pública. O pequeno aparelho a pilhas, recomendado como peça essencial para o kit de sobrevivência definido pela EU, talvez a partir desta segunda-feira (28) tenha ganhado nova importância. Tenhamos esperança que o apagão tenha revelado a Luz (da rádio) às autoridades.
Corte de energia provocou corrida às lojas para co(...)
“A rádio foi, talvez, o sistema de comunicação mais resiliente. Voltámos ao passado“. A declaração é do ministro Pinto Luz, das Infraestruturas, citado por Rafael Ascensão, do jornal ECO, a explicar porque é que o Governo apostou na rádio para comunicar uma vez que “as redes de telecomunicações estavam em baixo”. A frase contém duas imprecisões, para dizer o mínimo: (i) “A rádio foi talvez (…)”, não, a rádio foi o único meio de comunicação que manteve informação em permanência, sem interrupções, através da plataforma hertziana (FM). Bastava que cada um de nós tivesse um rádio a pilhas ou estivesse no carro para perceber e acompanhar o que se passava; (ii) “voltámos ao passado”, diz o ministro na mesma declaração, é uma constatação absurda.
O som, a voz humana, está e estará no centro da revolução tecnológica a que assistimos. Se o ministro não sabe, devia saber. E o passado a que se refere é o presente e o futuro da nossa vida de todos os dias.
Rafael Ascensão fazia para o jornal ECO, o retrato do repórter: “o apagão que assolou o país esta segunda-feira levou (…) a imagens que já há muito tempo não se viam: famílias e grupos de pessoas à escuta em volta de pequenos rádios a pilhas – que esgotaram em diversas superfícies comerciais – ou a circundarem um automóvel para conseguir captar as informações que as emissões de rádio continuavam a levar até si, quando as televisões, a internet e tudo o resto falhava.”
A rádio cá estará, sr. ministro. Como sempre. Confortando, em média, mais de 6 milhões de portugueses todos os dias. A Proteção Civil poderia ter sido mais rápida? Talvez. O Governo poderia ter usado mais a rádio para acompanhar as populações. Sem dúvida. O primeiro-ministro deveria ter feito a sua comunicação ao país, através da rádio. Não precisava de esperar pela televisão. Então, e as telecomunicações? Não têm fontes de alimentação ininterruptas, redundâncias nas redes? Pelo visto, não.
Na gestão de vistas estreitas, UPS’s e geradores são investimentos pouco racionais. Até a presidente da ANACOM se viu em dificuldades para justificar a fragilidade da estrutura técnica das empresas de telecomunicações. E ela sabe do que fala.
No dia em que a rádio ganhou pela seriedade do investimento e pela comprovada competência das suas equipas de engenharia e de conteúdos, chega a notícia da chegada da Benfica Rádio. Uma ideia que vem do tempo de Luís Filipe Vieira. Deverá arrancar antes das eleições do clube, previstas para outubro deste ano, e utilizar o digital e difusão hertziana, em FM, com frequências em Lisboa e no Porto.
Meio milhão de pessoas, na Praça de S. Pedro e pelas ruas de Roma e da Cidade do Vaticano para o último adeus ao Papa Francisco. Mais de 50 líderes mundiais presentes testemunharam o encontro a sós entre Zelensky e Trump. A foto que fica para a história, captou os dois presidentes, sentados em cadeiras de frente uma para a outra, olhos nos olhos, na basílica de São Pedro. O momento teve grande impacto nos Medias de todo o mundo. Muda alguma coisa? Talvez não. Podia (devia) ter sido feito noutro local e noutro momento? Certamente. Dada a solenidade do momento, apesar de tudo, não produziu nem de perto nem de longe o desconforto provocado pelas selfies junto do túmulo do Santo Padre. Um espetáculo de insensibilidade e despropósito. O Vaticano não podia ter proibido o despudor?
Morte do Papa Francisco
A presença de Zelensky está em dúvida devido a reu(...)
Grupos de extrema-direita voltaram a envolver-se em violência com manifestantes que integravam o desfile do 25 de Abril. É uma realidade que começa a ser recorrente. Um elemento do grupo 1143 (Jorge Bento) atacou pelas costas os jovens que se manifestavam contra a extrema-direita. Apareceu por trás e desatou aos murros e às chapadas a rapazes e raparigas. As imagens das televisões não enganam. São o próprio teste do algodão. O Dr. Ventura não condenou nem o ato traiçoeiro que todos vimos, nem a violência sem tamanho da ação.
O sr. Mário Machado que se queixava aos repórteres da democracia de Abril, tem direito a falar, mas não tem direito a bater, mandar bater ou autorizar que os seus correligionários batam nas pessoas.
Na democracia de abril ou em qualquer democracia que se preze. O corpo de intervenção da Polícia acabou por deter Mário Machado e o ex-juíz Fonseca e Castro, presidente do partido Ergue-te. A PSP poderia ter evitado todo este lamentável espetáculo? Podia. Bastaria que não tivesse hesitado um único momento e aconselhasse a CML a marcar a concentração da extrema-direita para uma zona geográfica da cidade onde não houvesse a mínima possibilidade de contacto entre manifestantes.
O apagão acabou por adiar, necessariamente, o debate principal da série produzida pela televisão, entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos. Os líderes dos dois maiores partidos partiam para o confronto televisivo com sondagens que os colocam empatados, embora as mais recentes (Expresso/SIC e Público/RTP/Antena1) reflitam uma vantagem para a AD no confronto direto e a maioria (58%) dos portugueses deseje um governo de maioria absoluta. Apesar de a avaliação positiva do governo se circunscrever à Educação e ao Ambiente, a verdade que resulta das respostas dos inquiridos é que o eleitorado parece apontar para uma vitória da coligação governamental.
O debate desta semana (quarta, 30) terá tido algum impacto nos 15% de indecisos que as sondagens ainda mostram? Ninguém consegue antecipar, até porque o caminho até 18 de maio ainda é longo de mais de duas semanas.
Tendo gravado antecipadamente o programa desta semana (quarta, 30), a equipa de “As Novas Crónicas…”, excepcionalmente, decidiu atribuir classificações aos desempenhos dos contendores. Assim: Luís Montenegro com um BOM e três SUF+ venceu Pedro Nuno Santos que recolheu um SUF+ e três SUF (Eduardo Oliveira e Silva: LM, BOM e PNS, SUF+; Luís Marinho: LM, SIF+ e PNS, SUF; Luís Marques: LM, SUF+ e PNS, SUF-; Rui Pêgo: LM, SUF+ e PNS, SUF)
Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, quem é o Prof. Pardal da política internacional? Pista: em vez do chapéu de inventor como a personagem da BD, usa um boné. Na linha do que se faz com o pato, se Trump se apresenta como um palerma, se fala como um palerma, se atua como um palerma, é porque é um palerma. No blackout desta semana (segunda, 28), os surdos ficaram sem informação. As associações têm soluções. No apagão, Marcelo apagou-se. O presidente ficou sem pilhas?