Novas Crónicas da Idade Mídia
O que se escreve e o que se diz nos jornais, na rádio, na televisão e nas redes sociais. E como se diz. Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo são quatro jornalistas com passado, mas sempre presentes, olham para as notícias, das manchetes às mais escondidas, e refletem sobre a informação a que temos direito. Todas as semanas, leem, ouvem, veem… E não podem ignorar. Um programa Renascença para ouvir todos os domingos, às 12h, ou a partir de sexta-feira em podcast.
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​“Cada um de nós é uma soma”

Novas Crónicas da Idade Mídia

"Cada um de nós é uma soma"

12 jun, 2025 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo


A zanga de Trump e Musk, a tutela da Comunicação Social no novo governo, o último 10 de junho de Marcelo enquanto Presidente os 150 anos do Zé Povinho são alguns dos temas em discussão nesta edição das Novas Crónicas da Idade Mídia.

O XXV Governo Constitucional tem uma semana (quinta-feira, 5). Juntar a coesão territorial com a economia, aparentemente, parece uma boa ideia; também parece acertada a contratação de Gonçalo Matias, ex-presidente da FMS, para a reforma do Estado.
E a comunicação Social, onde fica? Agora com a tutela direta de João Vale e Azevedo, espera-se com alguma ansiedade informação sobre o destino do Plano para os Media que acabou bloqueado, recorde-se, com a iniciativa parlamentar do BE de inviabilizar a redução de difusão de publicidade na RTP. Mas o Plano valia mais do que isso. E valerá ainda mais se for acrescentado de uma visão estratégica para a empresa pública. O país exige ao Governo, também na CS, determinação nos propósitos e coragem na ação.

Num artigo no Público (domingo, 8) , Arons de Carvalho considera que a SIC e a TVI não respeitam o pluralismo, o rigor e a isenção a que estão obrigadas pela legislação em vigor. E elenca três razões principais: os espaços de comentário de Marques Mendes e Paulo Portas; o tratamento preferencial dado a André Ventura (entrevistado mais vezes do que o atual e o anterior presidentes do PSD juntos, de acordo com a investigação de um aluno da U. Nova); o novo programa Linhas Direitas da SICN. E pergunta até quando vai durar a passividade da ERC. São razões para acusar SIC e TVI de incumprirem as suas obrigações legais?

"Cada um de nós é uma soma"
"Cada um de nós é uma soma"

O despedimento de um jornalista pela cadeia norte-americana ABC por ter criticado Trump na rede X, reabre o debate sobre a fronteira entre a prática jornalística e a opinião pessoal dos jornalistas. A discussão não é nova – mesmo em Portugal - mas parece razoavelmente consensual admitir que se um jornalista não tem opinião ao serviço do órgão de informação para o qual trabalha, deve abster-se de comentários sobre as mesmas matérias nas redes sociais. O que levanta uma questão essencial: um jornalista, na sua qualidade de cidadão, não pode intervir publicamente? Pode. Não pode é permitir que a sua opinião pessoal contamine a atividade que exerce.

Mais grave do que o “pecadilho” de ceder à tentação da opinião, numa página pessoal de uma rede social, é o espetáculo dos ataques descabelados entre o presidente da maior potência do Mundo e o empresário mais rico do planeta, até agora amigos para a vida.
A zanga é feia. Musk diz que Trump esteve envolvido nos casos de pedofilia que levaram à condenação de Epstein; Trump informa que o multimilionário é um drogado. Nem as celebridades do beatiful people seriam capazes de tamanho despudor. Musk já veio dizer que se excedeu, certamente num momento de lucidez em que percebeu que não é ele o “dono das cartas”.

De resto, o presidente norte-americano não perde uma oportunidade para explicar quem manda, como se tem percebido em LA. “Abuso de poder”, acusa o Governador da Califórnia. Trump está a usar um poder que a Lei Federal lhe confere e do qual não abdica.

Zé Povinho, o personagem de Rafael Bordalo Pinheiro, apareceu pela primeira vez em 1875 (12.Junho) no jornal “Lanterna Mágica”. Nasceu na Monarquia, viveu a 1ª República e o Estado Novo. Explodiu com o 25 de Abril. 150 anos depois, o Zé Povinho é o mesmo?
O célebre “manguito” continua a significar oposição ao Poder, qualquer que seja? O gesto retratado por Bordalo tem a mesma interpretação hoje como na Monarquia ou no Estado Novo? O novo governo da República deveria tentar perceber o que significa nos nossos dias a criação imortalizada por Bordalo.

A reforma do Estado é para levar a sério ou é para ficar pelo caminho como outras no passado? O que o Governo tem em mente é a reforma do Estado ou a reforma da administração pública, a desburocratização do Estado? Já não seria pouco. A ser assim, faz sentido o ministro da Reforma do Estado não ter tutela sobre a administração pública? E juntar a Cultura com a Juventude e Desportos é acertado?

Esta terça-feira foi o último 10 de Junho de Marcelo. “Não há quem possa dizer que é mais puro e português do que qualquer outro”, informou o presidente. Lídia Jorge, escritora e conselheira de Estado, acrescentou: “cada um de nós é uma soma. Tem sangue do nativo e do migrante, do europeu e do africano, do branco e do negro, e de todas as outras cores humanas”. A avaliar pela expressão que a televisão mostrou, o Dr. Ventura não gostou do que ouviu. Mas sobre o tema parece não haver grandes dúvidas: somos uma “misturada”.

Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, José Luís Carneiro mostrou-se disponível para 5 pactos de regime. Cinco? Quais são as linhas vermelhas da esquerda?
Itália já alterou a legislação para combater as ocupações ilegais. A nova lei despeja os invasores em 24 horas e pune o crime com penas de prisão de 2 a 7 anos. O que é que os legisladores portugueses estão à espera?
Aníbal Pinto inaugurou a candidatura à Câmara do Porto a fazer “chover dinheiro”. Porque é que em vez de “fazer chover dinheiro”, não propõe que chova inteligência?
Um ator da Barraca foi selvaticamente agredido por um elemento de um grupo neonazi que a polícia conhece; membros de claques do Sporting atacaram e incendiaram um carro onde viajavam cinco adeptos do FC Porto, causando feridos; 49 pessoas morreram afogadas antes do início da época balnear. Que país é este?

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