09 out, 2025
Emo, Punk, Gótico, Reggaeton, Disco...Todas as épocas musicais deixam a sua marca no "zeitgeist". O mais recente fenómeno cultural a tomar o mundo de assalto chama-se K-Pop e já não é possível escapar-lhe (por muito que se tente). Até mesmo quem ainda não tinha sido "convertido" à "febre" asiática está a ter dificuldades em fugir ao sucesso de "KPop Demon Hunters" (Ou Guerreiras do K-Pop, em português): invadiu as nossas redes sociais e os nossos ouvidos nos últimos tempos e não deixa ninguém indiferente.
Não é para menos: no dia 3 de setembro, este filme de animação ultrapassou as 266 milhões de visualizações e tornou-se no filme mais visto de sempre na Netflix, ultrapassando mesmo outro fenómeno avassalador, Squid Game, em todos os tops da plataforma de streaming.
Será apenas mais uma prova do impacto explosivo do k-pop pelo mundo ou há mais detalhes que expliquem o absoluto sucesso de KPop Demon Hunters? Foi isso que tentamos perceber no episódio do podcast Watch Party desta semana, com a ajuda de Joana Henriques Pereira, entusiasta da cultura sul-coreana e criadora do site TV Contraluz.
Para a nossa convidada, a música viciante, o guarda-roupa arrojado e as danças contagiantes da girlband fictícia Huntr/x ajudam a explicar o "boom" de KPop Demon Hunters, mas não é só isso: há uma autenticidade rara na história que é contada na trama, que apela a miúdos e graúdos, fãs arreigados de k-pop ou apenas curiosos acidentais. Apesar de ser resultado de produção norte-americana, "As Guerreiras do K-Pop" foi criado por sul-coreanos norte-americanos e tem uma ligação profunda à cultura da Coreia do Sul, nova e antiga.
Assim, KPop Demon Hunters ganha pontos ao não tentar fabricar uma versão ocidentalizada do fenómeno k-pop, mas mergulhando mesmo na mitologia do país de origem e na forma como estes eventos são vividos naquela região, com tudo o que de positivo - e negativo - tem a indústria que produz estrelas no cinema e na música. "Eles são forçados a ser perfeitos e vemos isso nas personagens principais de KPop Demon Hunters", defende Joana Henriques Pereira.
Pelo caminho, e em paralelo, também se explica - sem preconceitos - de que forma é que estas girlbands e boysbands acabam por criar um "exército" de seguidores com um nível de devoção sem paralelo... e como este mundo pode despertar emoções, pressões e sensações a quem o vive (os "ídolos") e quem os acompanha (os fãs).
"O filme suscita muitas emoções em quem o vê", assegura Joana, que acredita que a película "mexe com várias gerações, de forma global". "O filme tem muitas nuances que, ao início, podem passar despercebidas, mas acho que vale a pena ver", acrescenta a recém "convertida" Joana, que se manteve "ouvinte casual" de k-pop desde Psy, mas acabou por sucumbir ao fenómeno em Squid Game, mergulhando "no mundo dos k-dramas" e tornando-se fã de G-Dragon, um dos artistas mais influentes da música sul-coreana e uma figura central na história do K-pop.
Agora, resta saber se os recordes de visualizações na Netflix e o domínio total de músicas como "Golden", "Soda Pop", "How It's Done", "What It Sounds Like", "Free", "Your Idol" ou "TakeDown" - todas retiradas do filme - nos tops mundiais chega para levar KPop Demon Hunters até aos Óscares. Já têm o vosso "lightstick" pronto?