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Primeira Liga

Pela primeira vez, FC Porto, Sporting e Benfica mudam de treinador na mesma época

20 jan, 2025 - 10:05 • Diogo Camilo

Em 91 anos da prova, Benfica, Sporting e FC Porto nunca tinham optado pela "chicotada psicológica" na mesma edição do campeonato (em 1958/59 e 1961/62 quase aconteceu). Competição ainda vai a meio, mas 12 das 18 equipas da Primeira Liga já trocaram de treinador - e algumas mais do que uma vez.

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A notícia chegou pela madrugada e depois de mais uma derrota dos dragões no campeonato. Com a saída de Vítor Bruno como treinador do FC Porto, são agora 12 os clubes da Primeira Liga que já mudaram de treinador na presente temporada, algo que não acontecia há oito anos (nota: Tozé Marreco saiu do Gil Vicente antes da primeira jornada).

Na época de 2016/17, nenhum dos três grandes trocou de treinador a meio da época, mas 13 dos outros 15 clubes fizeram-no. Na mesma altura da temporada em que nos encontramos, à 18ª jornada e à entrada da segunda volta do campeonato, era já uma dúzia de emblemas com banco renovado.

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Desta vez, as mudanças ocorreram nos clubes em lugares cimeiros: o Benfica foi o primeiro, com a saída de Roger Schmidt à quarta jornada; seguiu-se o Sporting, com a saída de Ruben Amorim para o Manchester United, a estadia de João Pereira durante oito jogos até ser afastado para a vinda de Rui Borges; e agora o FC Porto, com duas derrotas consecutivas que deixam o clube a quatro pontos da liderança.

Esta é a primeira vez na história do futebol português que os três grandes mudam de treinador na mesma edição do campeonato, que acontece desde 1934/35. Há dois casos em que um segundo treinador de um deles disputou apenas a final da Taça de Portugal, em 61/62 e 58/59, mas em ambas as épocas a prova realizou-se já na época seguinte, em julho.

É também a primeira vez que FC Porto e Sporting coincidem na troca de treinador, algo que nunca tinha acontecido. Já Benfica e FC Porto mudaram de técnico no mesmo ano por três vezes (1952/53, 1969/70 e 2001/02) e Benfica e Sporting coincidiram por oito vezes.

Se olharmos ao número de títulos em temporadas com mais do que um treinador, os leões vencem: são cinco títulos, contra dois de Benfica e FC Porto.

61/62. Uma saída em falso, uma morte e um desaparecimento

É preciso recuar até à época 1961/62 para encontrar o primeiro caso, embora em condições bastante diferentes das atuais.

O Sporting começa bastante mal a temporada e é o primeiro dos grandes a optar pela “chicotada psicológica”. Depois da eliminação da Taça dos Campeões Europeus e de um empate na primeira jornada em Alvalade frente ao Lusitano de Évora, Otto Glória é afastado do comando técnico dos leões, rumando mais tarde ao Marselha.

Para o seu lugar vai Juca, que conquista o primeiro campeonato para os leões depois da época dos “Cinco Violinos”.

O campeonato foi disputado com o FC Porto até ao fim, depois do Benfica ter ficado arredado depois de quatro jogos consecutivos sem vencer, entre a 2.ª e 5.ª jornada.

Do lado dos dragões, a mudança de treinador tem contornos trágicos. O técnico era o experiente húngaro Gyorgy Orth, com passagens pelo primeiro Mundial de 1930, os Jogos Olímpicos de 1960, e países tão distantes como Chile, Itália, México, Alemanha, Argentina, França e Peru.

Depois de um início difícil, com pontos perdidos em quatro das primeiras cinco jornadas, Orth lançou o FC Porto para uma série de oito vitórias consecutivas. No entanto, a 11 de janeiro de 1962, o húngaro morreu de enfarte em casa.

Para o substituir voltou aos comandos Francisco Reboredo, que tinha sido o treinador portista no ano anterior. Os dragões venceram os dez jogos seguintes de maneira consecutiva, incluindo uma vitória frente ao Sporting menos de um mês depois da morte de Orth, mas a vitória no campeonato escapou nas últimas jornadas.


O Benfica, vencedor da Taça dos Campeões Europeus nessa temporada, não foi além do 3.º lugar no campeonato, e o treinador, o húngaro Béla Guttmann, abandona o clube antes do fim da temporada. Já com todos os jogos da liga realizados, cabe ao seu adjunto, Fernando Caiado, orientar o clube na final da Taça de Portugal, com uma conquista por 3-0 frente ao Vitória de Setúbal.

58/59. Calabote, Béla Guttmann e uma final da Taça

A outra ocasião em que os treinadores dos três grandes foram substituídos foi no ano de um campeonato mais conhecido pelo nome de um árbitro do que pelos treinadores que foram substituídos.

No FC Porto começa o campeonato o brasileiro Otto Bumbel, que perde pontos em quatro das primeiras sete jornadas. Para o substituir, os dragões convencem o húngaro Béla Guttmann a assinar, vindo do São Paulo e com passagem pelo AC Milan. No resto do campeonato, apenas perde mais um jogo e chega à última jornada com os mesmos pontos do Benfica, com empate também no confronto direto.

O título fica do lado dos dragões, que vencem o Torreense por 3-0, mas para a história fica o nome do árbitro da partida do Benfica: Inocêncio Calabote é acusado pelos portistas de atrasar o jogo, marcar três pênaltis contra a CUF e expulsar três dos seus jogadores, insuficiente para a festa encarnada.

O clube da Luz foi comandado nesse ano por Otto Glória, mas chega à final da Taça de Portugal com outro treinador, o uruguaio José Alberto Valdivieso, que comanda o Benfica provisoriamente frente ao FC Porto, conquistando a prova rainha.

O Sporting, que não vai além do 4.º lugar no campeonato, conhece também dois treinadores devido à Taça de Portugal. O uruguaio Enrique Fernández foi quem comandou a equipa no campeonato, enquanto o argentino Mário Imbelloni deixou cair os leões nos oitavos da prova a eliminar, orientando a equipa em só um jogo.

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