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Mundial de Andebol

Paulo Pereira. O que falta, as caras novas e o que esperar no Mundial: "Recuperámos a nossa credibilidade no 7 contra 6"

15 jan, 2025 - 11:30 • Carlos Calaveiras

Em entrevista à Renascença, o selecionador de andebol admite que quer melhorar o 10.º lugar alcançado em 2021 e aponta aos quartos de final. O Mundial arranca para Portugal nesta quarta-feira conta os Estados Unidos.

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A seleção de andebol estreia-se esta quarta-feira no Mundial 2025 contra uns quase desconhecidos Estados Unidos. Portugal reconhece que a caminhada é difícil, mas quer chegar, pelo menos, aos quartos de final do evento que decorre em três países: Croácia, Dinamarca e Noruega.

A equipa das quinas vai defrontar Estados Unidos, Brasil e Noruega na primeira fase da prova.

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Em declarações à Renascença, o selecionador Paulo Jorge Pereira faz a análise dos adversários:

“Nós não temos muita informação acerca dos Estados Unidos. O último jogo que temos tem mais de meio ano, um jogo que fizeram contra a França", confessa o selecionador. "Tem uma mistura de jogadores, alguns de nacionalidade estadunidense, mas outros são oriundos de outros países, alguns balcânicos. Nós temos de ter o cuidado necessário para iniciar bem a competição. Tem um treinador sueco com modelo de jogo aproximado ao modelo de jogo nórdico, embora haja ali uma mistura. Não sabemos se vão participar todos os jogadores que estiveram nesse jogo contra a França. Não há muita informação porque eles não jogaram mais nenhum jogo."

E continua: "Depois dos Estados Unidos temos o Brasil, que é uma equipa fortíssima. Os seus jogadores jogam em ligas muito boas. Um deles joga no Barcelona e poderá ser um dos melhores defensores do mundo, tem uma série de atletas que jogam em França e alguns também na liga espanhola. Há uma série de fatores que nos obrigam a pensar que este jogo contra o Brasil para nós pode ser decisivo para podermos aproximar-nos do objetivo".

O treinador lembra que a Noruega "pode ser uma seleção que anda no top-6 mundial", sendo que vai atuar em casa, o que "vai ser uma dificuldade acrescida". Paulo Jorge Pereira defende que os seus jogadores já estão habituados a jogar "em ambientes hostis".

Paulo Jorge Pereira não tem dúvidas sobre onde deve chegar o grupo de jogadores que lidera. "Temos uma meta que é claramente atingir os quartos de final. Se nós atingirmos os quartos de final vamos melhorar o melhor resultado de sempre, o 10.º lugar, que obtivemos no Egipto e permite-nos sonhar um pouco mais."

No entanto, o técnico alerta: “A caminhada para chegar aos quartos de final é uma caminhada duríssima, não só na fase preliminar, mas também depois no cruzamento. Nós vamos cruzar com um grupo que tem a Suécia, a Espanha e provavelmente será o Japão que se apura. Ter de ganhar à Suécia ou à Espanha para estar nos quartos de final é já um objetivo muito elevado”.

A Bola Branca, Paulo Jorge Pereira apresenta as novidades nos eleitos para o Mundial: João Gomes e Ricardo Brandão.

“O caso do Ricardo Brandão será o nosso terceiro pivot e o João Gomes é um jogador extraordinário que, apesar da limitação da altura, tem uma inteligência tática fora do comum e está aqui para, caso seja necessário, ajudar a equipa”, referiu.

A Federação de Andebol deu, entretanto, conta de uma novidade de última hora: Miguel Oliveira, lateral esquerdo do FC Porto, foi chamado de véspera para o Mundial. Tem 21 anos, 2 metros de altura e estreia-se na seleção principal.

A juntar aos novos, mantém-se uma base que tão bons resultados tem alcançado nos últimos anos. São nove os andebolistas que se mantêm do Mundial de 2021 no Egipto.

“Essa base é sempre a nossa garantia de poder, não só, funcionar bem dentro do campo, mas também fora do campo. Tudo isso é importante”, acrescentou Paulo Jorge Pereira.

Poucos dias antes do início do Mundial, a equipa lusa realizou dois jogos de preparação, contra República Checa e França, com uma vitória e uma derrota, respetivamente.

O selecionador tirou (positivas e não tão boas) ilações das duas partidas de preparação.

“Algumas coisas foram boas, outras menos boas e é nessas menos boas que temos que investir um pouco mais para sermos mais competitivos, nomeadamente a questão da transição, a recuperação defensiva após perdermos a posse de bola, com golo ou sem golo, e temos obrigatoriamente que ser melhores nessa fase do jogo", reflete.

E continua: "Depois, pela positiva, recuperámos um pouco a nossa credibilidade em termos do que é o nosso jogo 7 contra 6. Embora eu cada vez goste menos de utilizar esse formato, acabou por se afirmar uma solução boa contra a França – uma das melhores equipas do mundo – em que fizemos cerca de 45 minutos de jogo 7 contra 6 com altíssima eficácia”.

Por falar em “7 contra 6”, uma arma que os “heróis do mar” bem utilizaram nos últimos anos, tática elogiada até pelos adversários, Paulo Jorge Pereira admite continuar a utilizar em situações especificas nos jogos, mas considera que está a perder eficácia, dada a forma como as outras seleções aprenderam a defender.

“As defesas também vão defendendo melhor, vão criando soluções para jogar contra equipas que não tinham guarda-redes na baliza. Há soluções que vão aparecendo que limitam este formato ofensivo. Cada vez mais o 7 contra 6 deixa de ser uma alternativa para obter um resultado robusto. Se o tivermos que fazer novamente porque o 6 contra 6 não funciona assim faremos porque nós somos competentes a jogar nesse formato, embora tenhamos que melhorar as nossas soluções no formato de 6 para 6”, explicou o técnico.

O Mundial de Andebol decorre na Croácia, Dinamarca e Noruega. Esta é a sexta participação de Portugal, a terceira consecutiva. A ideia é tentar melhorar o 10.º lugar conseguido em 2021.

Em ação vão estar 32 países, divididos na primeira fase preliminar em 8 grupos de 4. Os 3 primeiros de cada grupo avançam para a fase principal.

Depois, as 24 seleções apuradas são divididas em quatro grupos e apuram-se para os quartos de final os dois primeiros de cada grupo.

A partir dos quartos de final, a prova é jogada no formato de eliminatórias, até à final, havendo ainda lugar a um jogo de atribuição do 3.º e 4.º lugar.

Portugal vai defrontar os Estados Unidos (quarta, dia 15, às 17h00), o Brasil (sexta, dia 17, às 17h00) e a Noruega (domingo, dia 19, às 19h30).

Os grupos:

Grupo A: Alemanha, Rep Checa, Polónia e Suíça
Grupo B: Dinamarca, Itália, Argélia e Tunísia
Grupo C: França, Áustria, Qatar e Kuwait
Grupo D: Hungria, Países Baixos, Macedónia do Norte e Guiné
Grupo E: Noruega, Portugal, Brasil e Estados Unidos
Grupo F: Suécia, Espanha, Japão e Chile
Grupo G: Eslovénia, Islândia, Cuba e Cabo Verde
Grupo H: Egipto, Croácia, Argentina e Bahrain

Os convocados:

- Guarda-redes: Diogo Rêma (FC Porto) e Gustavo Capdeville (Benfica).
- Pontas: Leonel Fernandes (FC Porto), Diogo Branquinho (Sporting), António Areia (Tremblay) e Pedro Portela (Sporting).
- Laterais: Alexandre Cavalcanti (MT Melsungen), Fábio Magalhães (FC Porto), Salvador Salvador (Sporting), Miguel Oliveira (FC Porto), Francisco Costa (Sporting), Martim Costa (Sporting) e João Gomes (Sporting).
- Pivôs: Luís Frade (FC Barcelona), Victor Iturriza (FC Porto) e Ricardo Brandão (FC Porto).
- Centrais: Miguel Martins (Aalborg) e Rui Silva (FC Porto).

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