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FC Porto

Só por uma vez nos últimos 50 anos o FC Porto foi campeão após trocar de treinador (mas é um caso especial)

21 jan, 2025 - 09:15 • Inês Braga Sampaio

Jesualdo Ferreira, que ainda pôde disputar o campeonato na íntegra, após a demissão de Co Adriaanse, em 2006/07, é o único que conseguiu pegar na equipa com a época em andamento e conquistar o título. Saiba quem saiu e entrou nas outras nove ocasiões, desde 1974/75.

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Sai Vítor Bruno do FC Porto, vem aí sucessor, ainda por nomear, mas outro problema poderá pairar nas mentes dos adeptos portistas: só por uma vez, em dez, nos últimos 50 anos, os dragões foram campeões depois de trocar de treinador.

Em 1974/75, o brasileiro Aymoré Moreira foi substituído por Monteiro da Costa, que terminou o campeonato no segundo lugar. O antigo médio iniciou a temporada subsequente, mas saiu a meio, sucedendo-lhe o jugoslavo Branko Stankovic, que ficou em quarto e não transitou para a época seguinte. Entrou José Maria Pedroto, um dos nomes mais marcantes da história do FC Porto.

Chegou a época 1983/84 e, depois de uma passagem, a meio, pelo Vitória de Guimarães, Pedroto fez o seu último jogo no banco do FC Porto, à décima jornada do campeonato, devido a doença. António Morais pegou na equipa e chegou ao fim da época na segunda posição. No ano a seguir, o treinador já era outro: Artur Jorge, que em 1987 levaria os dragões à conquista da Liga dos Campeões.

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Cinco anos depois, em 1988/89, Quinito saiu em novembro e, depois de umas semanas com o interino Alfredo Murça, o leme regressou às mãos de Artur Jorge, que terminaria o campeonato também em segundo. Seguiu-se a badalada "limpeza de balneário", com a saída de 17 jogadores, no final da época. Em 1989/90, a taça de campeão nacional regressou à vitrine do FC Porto.

A mudança de treinador seguinte deu-se na época 1993/94. Na segunda passagem pelas Antas (depois de 1987/88), Tomislav Ivic colocou o lugar à disposição em janeiro, devido aos maus resultados, e entrou para o seu lugar Bobby Robson, que terminou o campeonato no segundo lugar. Ainda assim, Pinto da Costa manteve a confiança no inglês, que viria a vencer os primeiros dois títulos do inédito (e único, até agora, no futebol português) "penta" do FC Porto.

A próxima dança das cadeiras deu-se em 2001/02. Octávio Machado, em rota de colisão com Pinto da Costa, que apostou num jovem treinador que fazia furor na União de Leiria: José Mourinho. Dois anos depois, a sala de troféus do FC Porto exibia mais dois campeonatos, uma Taça de Portugal, uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões, todos ganhos pelo homem que, quando chegou ao Chelsea, se autodenominou de "Special One". Primeiro, contudo, fechou a temporada de estreia na elite do futebol no último lugar do pódio.

Saiu Mourinho e quem começou 2004/05 foi Luigi Delneri. Pelo menos, era esse o plano, mas o italiano foi despedido ao fim de dois meses, na manhã do dia do jogo de apresentação da equipa aos sócios e adeptos.

Victor Fernández, o "gentleman do futebol", nas palavras do então presidente portista, que perdeu a Supertaça Europeia para o Sevilha mas venceu a Taça Intercontinental (ambas na sequência da conquista da Champions na temporada anterior), só durou até fevereiro. Entrou José Couceiro para o seu lugar, mas o agora diretor técnico da Federação não conseguiu chegar ao primeiro lugar - teve de se contentar com o segundo, não tendo continuado para o ano posterior.

Dois anos depois, em 2006/07, a mesma dança. Co Adriaanse, que fora campeão na época anterior, demitiu-se a 15 dias do início do campeonato, em plena pré-época. O interino Rui Barros assumiu, de forma interina, o comando da equipa na Supertaça, em que o FC Porto venceu o Vitória de Setúbal, e o escolhido para orientar a equipa para o resto da época chegou do Boavista, ainda a tempo da primeira jornada: Jesualdo Ferreira, o único sucessor desta lista que conseguiu sagrar-se campeão nacional no final da época.

Um contexto diferente da maior parte dos restantes, à exceção de Fernández, dado que disputou o campeonato na íntegra. E o "Professor" não só chegou ao título logo nessa temporada, como viria a ser tricampeão.

Foi preciso esperar sete anos, até à época 2013/14, para se assistir a nova troca de treinador com a época em andamento, no Dragão. Foi no dia do seu 41.º aniversário, a 5 de março 2014, que Paulo Fonseca recebeu a notícia de que não continuaria a ser treinador do FC Porto. Luís Castro, então técnico da equipa B, substituiu-o interinamente até ao final da época (seria a primeira de duas vezes em que isso aconteceria - a segunda foi no Shakhtar Donetsk, em 2019), que concluiu na terceira posição. Curiosamente, o antigo coordenador da formação dos dragões é, agora, um dos nomes apontados à sucessão de Vítor Bruno.

Por fim, em 2015/16, o segundo ano de Julen Lopetegui terminou com despedimento, quando estava a quatro pontos da liderança. Entrou José Peseiro (depois de um curto período com Rui Barros, novamente, como treinador interino) e o FC Porto acabou no terceiro lugar, a 15 pontos do Benfica. A solução, no verão, foi mudar de técnico.

Eis que, nove anos depois, o FC Porto volta a trocar de treinador a meio da época. Saiu Vítor Bruno, ainda sem substituto. Será que o sucessor vai repetir a tradição ou conseguirá seguir o exemplo da exceção, Jesualdo Ferreira?

Por outro lado, uma estatística poderá animar André Villas-Boas: em quatro das cinco ocasiões em que o treinador que chegou a meio se manteve para a época seguinte, foi campeão. Os seus nomes? Artur Jorge, Bobby Robson, José Mourinho e Jesualdo Ferreira.

Importa referir que, mais atrás ainda, houve uma época em que o FC Porto levantou o caneco depois de trocar de treinador. Foi em 1958/59: Béla Guttman substituiu Otto Bumbel e levou os dragões ao título, antes de rumar à Luz na época seguinte. Ainda assim, nas restantes 15 vezes, prévias a 1974/75, em que houve alteração no comando na equipa (ou alterações, como no caso da pior época da história portista, 1969/70, em que quatro treinadores não fizeram melhor que um impensável nono lugar), o campeão foi sempre outro.

[Notícia atualizada às 11h30 do dia 21 de janeiro de 2025]

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