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Morreu Pinto da Costa, presidente do FC Porto por 42 anos e o mais titulado da história do futebol

15 fev, 2025 - 20:16 • Inês Braga Sampaio

O presidente mais longevo e com mais títulos da história do futebol mundial morreu este sábado, aos 87 anos, depois de o seu estado de saúde se ter agravado nos últimos dias.

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"Não quero ver ninguém de luto, quero toda a gente vestida de azul". O filme da vida de Pinto da Costa
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Morreu Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, que foi presidente do FC Porto durante mais de quatro décadas, aos 87 anos. Foi o dirigente mais titulado da história do futebol mundial, e o único pentacampeão nacional em Portugal, antes de o seu mandato ter terminado, em abril, ao fim de 42 anos. Lidava com um tumor na próstata há três anos. A notícia da morte foi confirmada pelo Futebol Clube do Porto este sábado à noite.

Nascido no Porto, a 28 de dezembro de 1937, Pinto da Costa criou desde cedo uma ligação ao desporto. Tornou-se sócio do FC Porto aos 17 anos e começou a sua carreira no clube com 20 anos, quando integrou a secção de hóquei em patins, como vogal. Na década de 60, chefiou as secções de hóquei em patins, hóquei em campo e boxe. No futebol, foi chefe do departamento de futebol, no título que quebrou um jejum de 19 anos, em 1977/78.

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A 17 de abril de 1982, Pinto da Costa foi eleito pela primeira vez presidente do FC Porto, sucedendo a Américo de Sá. Cumpriu 15 mandatos consecutivos, mais que qualquer outro líder de um clube da história. Foi recordista de longevidade e o dirigente mais titulado do mundo. Despediu-se do Dragão com o 69.º título no futebol, a conquista da Taça de Portugal da temporada passada.

Pinto da Costa: “Sou o único que pode garantir que o FC Porto continuará a ser dos sócios"
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Com Pinto da Costa na presidência, o FC Porto foi 22 vezes campeão nacional, conquistou em 13 ocasiões a Taça de Portugal e ganhou 21 vezes a Supertaça Cândido de Oliveira.

A nível internacional, Pinto da Costa conduziu o clube à conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus (1986/87), da Liga dos Campeões (2003/04), da Taça UEFA (2002/03), da Liga Europa (2010/11), da Taça Intercontinental (1987 e 2004) e da Supertaça Europeia (1987).

A primeira final europeia do FC Porto foi perdida. Os dragões perderam por 2-1 frente à Juventus a final da Taça das Taças. Pinto da Costa só teve de esperar mais três anos para vencer: com Artur Jorge ao leme, os azuis e brancos conquistaram a Taça dos Campeões Europeus, em 1987, em Viena de Áustria, com uma vitória, por 2-1, sobre o Bayern de Munique, em que ficou eternizado o calcanhar de Madjer.

Na época seguinte, com Ivic em vez de Artur Jorge, o FC Porto juntou a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental.

Os dragões tiveram de esperar quase 30 anos para voltarem a encantar o mundo. Foi em 2003, com um jovem José Mourinho como treinador. Com o "Special One" — epíteto que o próprio viria a atribuir-se, mais tarde —, o Porto venceu a Taça UEFA, em 2003, com uma vitória, por 3-2, no prolongamento, frente ao Celtic, Sevilha; e coroou-se rei da Europa em 2004, com o triunfo, por 3-0, perante o Mónaco, em Gelsenkirchen.

Sete anos depois, foi a vez de André Villas-Boas levar o FC Porto à glória. Novamente uma aposta de Pinto da Costa. Com o jovem treinador, os dragões conquistaram a Liga Europa de 2011, com uma vitória sobre o Sporting de Braga, por 1-0, em Dublin.

Jorge Nuno Pinto da Costa resistiu, ao longo dos anos, a treinadores, dirigentes, rivais, triunfos, derrotas e todas as intempéries que assolaram o FC Porto e o futebol português. Também resistiu ao processo "Apito Dourado", sobre alegada corrupção no futebol português. Apesar de sido indiciado, em 2004, de crimes de corrupção ativa, tráfico de influência e falsificação de documento qualificado sob a forma de cumplicidade, acabou por ser absolvido.

Pinto da Costa também ficou célebre pela sua comunicação forte e sardónica, que colocou o FC Porto como um bastião da resistência do Norte ao centralismo lisboeta.

Nos últimos anos da sua presidência, no entanto, a imagem de Pinto da Costa começou a enfraquecer-se, até junto dos adeptos. Em 2024, já no crepúsculo do seu 15.º mandato, e depois de tantos sufrágios em que ganhara com margens avassaladoras, decidiu recandidatar-se uma última vez, face à entrada de André Villas-Boas, o homem que escolhera para levar o Porto à vitória 14 anos antes, na corrida.

Revelou-se uma decisão fútil, dado que Villas-Boas não só venceu, como o fez de forma clara, com cerca de 80% dos votos. Ao fim de 42 anos, Pinto da Costa deixou a cadeira de sonho.

Desde então, distanciou-se da vida pública do clube. No dia 27 de outubro, lançou um livro - quinta obra, ao todo -, intitulado "Azul até Ao Fim", em que falava dos últimos anos no FC Porto, sobre o cancro e a morte. Na apresentação, na Alfândega do Porto, pediu que não houvesse ninguém "a contar anedotas" no seu funeral, por respeito à família.

"Também não quero ver lá ninguém de luto e vestida de preto. Quero ver-vos vestidos de azul. É a cor do céu, da manta da Nossa Senhora e a cor do FC Porto", declarou.

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  • Maria
    16 fev, 2025 Palmela 19:31
    O toze marreco que tenha la paciencia" mas hoje o pinto da costa ainda esta a ouvir o jogo!

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