A decisão permitiu a Lee realizar, até à data, 14 jogos de apuramento para o Mundial, 23 para o Europeu e 16 partidas da Liga das Nações. Tornou-se, no ano passado, o mais velho de sempre a disputar um jogo de qualificação para um Europeu aos 41 anos.
Sobraram, ainda assim, resquícios da luta institucional entre as duas federações: a UEFA não permite que as seleções se defrontem, como acontece com Kosovo, Sérvia, Rússia e Ucrânia.
“Logo na primeira qualificação, para o Euro 2016, ficámos no grupo da Espanha, mas mudaram-nos para o da Alemanha por motivos políticos”, recorda.
Algarve é o quartel-general da seleção gibraltina
É também assim que se explica que Gibraltar utilize o Estádio Algarve como a sua casa no apuramento para as grandes competições.
Sem nenhum recinto que cumpra os requisitos da UEFA e da FIFA, Gibraltar desloca-se quase 400 quilómetros para poder receber as maiores seleções da Europa, ainda que existissem vários estádios espanhóis mais próximos. É uma solução provisória, uma vez que há planos para aumentar o estádio nacional.
“Portugal é a nossa segunda casa. Vamos ver quanto tempo demoramos a construir aqui o nosso”, assume Lee.
Em junho de 2023, o gestor do estádio explicou à Renascença que foi aquele país a abordar Portugal à procura de uma solução: "Foi Gibraltar a procurar-nos, não fomos nós que fomos ter com eles. Está a jogar cá e vai continuar a jogar cá. Para todos os jogos de qualificação, Gibraltar vem cá estagiar. Estamos a falar de 10 dias, no mínimo, no Algarve. Em termos de encaixe financeiro para a região, é muito grande", explicou Nuno Guerreiro.
Jogar em Faro agrada o português da seleção de Gibraltar: o defesa Bernardo Lopes, de 30 anos. O que era para ser uma passagem rápida pelo país em 2014 tornou-se definitiva. Está a arrancar a sua décima época no Lincoln Red Imps e tornou-se internacional há dois anos.
“É basicamente jogar em casa. Este ano vamos poder jogar a Liga das Nações aqui em Gibraltar, estão a reformular o estádio e a UEFA abriu uma exceção para esta prova, mas é quase sempre no Algarve”, assume.
Bernardo não está muito por dentro do tema político, mas reconhece “que há muita rivalidade entre o lado espanhol e o inglês”.
“É saudável, mas há sempre aquelas bocas, mais até agora no Europeu, então com a final… As comparações são hilariantes de ouvir, mais para mim vindo de Portugal. Eu fico-me pelo meio", diz.
O plantel do Lincoln Red Imps, crónico campeão gibraltino, conta com nove espanhóis e um deles é Nano, de 39 anos. Fez carreira em grandes palcos e passou por clubes como o Oviedo, Ponferradina, Panathinaikos e Almería. Está há cinco anos em Gibraltar e, até hoje, não compreende o porquê das más relações.
“Há coisas que não entendia, é tudo muito político. Gibraltar não pode jogar aqui em Espanha. Continuo sem saber o porquê. Vão para Portugal, o que me parece estranho pela proximidade e pelos bons campos que há aqui perto”, reconhece.