A+ / A-

Benfica

Quem é o “estratega” e “teatral” Bruno Lage? Uma breve análise ao treinador do Benfica

10 mai, 2025 - 09:09 • Hugo Tavares da Silva

Setubalense regressou à Luz e colocou o Benfica na rota dos títulos, beneficiando das mudanças no rival da Segunda Circular. Dois comentadores Bola Branca traçam o perfil do treinador do Benfica.

A+ / A-

O homem que tem em Jaime Graça o norte regressou à Luz nos primeiros dias de setembro, depois de Roger Schmidt ser despedido após empate em Moreira de Cónegos, deixando a equipa em sétimo lugar, a cinco pontos do Sporting de Ruben Amorim.

"Quero um futebol que os adeptos gostem de ver, dinâmico, divertido, fundamentalmente um futebol que puxe pela bancada, é o que queremos", prometeu Bruno Lage na apresentação. Tratava-se de um regresso de um treinador que até já tinha sido campeão naquela casa, em 2018/19.

A estreia do setubalense, que passou por Botafogo e Wolves nas intermitências da vida benfiquista, foi um 4-1 caseiro contra o Santa Clara. Desde então, a época tem tido os seus altos e baixos. Lage, que tal como Rui Borges luta por uma dobradinha (na verdade, ataca um triplete nacional), quer vencer o segundo título nacional pelas águias e juntar-se assim ao lote de técnicos que fizeram o mesmo: Toni, John Mortimore, Fernando Riera, Béla Guttmann e Lippo Hertzka. Basta vencer esta noite o dérbi lisboeta por dois ou mais golos.

Os comentadores Bola Branca Francisco Guimarães e Francisco Sousa fazem um breve retrato do treinador do Benfica, hoje com 48 anos.

Já segue a Bola Branca no WhatsApp? É só clicar aqui

Francisco Sousa

É um treinador forte a nível estratégico. Prepara bem os jogos em função dos adversários, demonstrou isso, quer em termos táticos, quer com trocas individuais de jogadores, em diferentes cenários, em contexto de Champions (lembro a linha de 5 com o Atlético Madrid), mas também soube adaptar-se muito bem frente à Juventus, ao Barcelona, até mesmo nas partidas com o Mónaco, ali a dada altura conseguiu fazer a equipa crescer em momentos do jogo, apostando em perfis de jogadores que eram mais necessários.

Fez ajuste de peças, mostrou que tem essa boa leitura a partir do banco para reagir e conseguir fazer com que a equipa melhore. Saiu valorizado nos dois jogos contra o Porto esta época.

Depois, vejo um Lage muitas vezes tenso no banco, tenho feito alguns jogos no Estádio da Luz, é comum vermos o Bruno Lage a gesticular muito mais, às vezes com comportamentos que, na primeira passagem pelo Benfica, não eram tão visíveis. Acho que é, de certa forma, um sinal de reação mais exacerbada, mais emocional, sente muito a pressão de ter de provar que é um treinador para o Benfica.

Tem muitas vezes um discurso bastante serviçal, no sentido de se apresentar como um funcionário do Benfica, o homem que responde ao presidente, que é obediente, e não tanto a personalidade forte, vincada, ainda que a vá mostrando a espaços, é um sinal de valorização pessoal.

Não podemos esquecer que este é um Lage diferente, que já passou por experiências lá fora, provou algumas coisas na Premier League, acho que isso foi importante no regresso ao Benfica, nomeadamente a ideia de ser mais versátil a nível tático. Mas, de facto, acho que Lage, com tudo o que tem mostrado em termos comportamentais entre banco e conferências de imprensa, denota diferenças face aos primeiros tempos.

Francisco Guimarães

É um treinador teatral e por vezes populista. Fala para os adeptos, gesticula para dentro de campo, mas na prática está a gesticular para os adeptos, corre pela linha lateral, grita, esbraceja, e deixa-nos a dúvida sobre se, de facto, vibra muito com o jogo ou se pensa que está em cima do palco do Dona Maria II.

Tem ideias concretas sobre futebol. Apesar de nem sempre as conseguir pôr em prática, nota-se que há trabalho coletivo, e percebe-se em que acredita. Envolve muito os corredores laterais. Gosta de avançados que combinem com os médios, e de um jogo intenso e pressionante, geralmente com linhas subidas. Prefere ter médios com funções e características distintas, um mais pressionante, de processos simples, outro de controlo em posse de bola e outro mais virado para a profundidade. Preferencialmente, um deles que faça movimentos de rutura.

Lê os jogos grandes com mais precisão do que os jogos pequenos, e as suas equipas vão do 8 ao 80 na mesma semana. Defensivamente, acredita no 4-4-2, gosta de roubar a bola em zonas intermédias e altas, para sair em ataque rápido de curta profundidade quando o adversário está aberto e desequilibrado.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+