15 jun, 2025 - 15:09 • João Pedro Quesado
A Ferrari venceu este domingo a 93.ª edição das 24 Horas de Le Mans, alcançando a terceira vitória consecutiva na mítica corrida francesa desde o regresso ao topo do Mundial de Resistência, em 2023. É a 12.ª vitória da Ferrari em Le Mans à geral, aproximando a marca italiana do registo de 13 vitórias da Audi e 19 da Porsche, e foi obtida não com os carros oficiais, mas com o amarelo #83, gerido pela equipa AF Corse.
Entre os pilotos vencedores, o destaque é de Robert Kubica. Não porque Yifei Ye (o primeiro piloto chinês a vencer em Le Mans) e Philip Hanson tenham sido arrastados para a vitória, mas porque esta conquista é uma redenção da carreira de Kubica, um ex-futuro campeão de Fórmula 1 — e também o primeiro polaco a vencer esta corrida.
Kubica venceu apenas uma vez na F1 — o GP do Canadá de 2008, pela BMW —, mas era destacado como um dos melhores pilotos da geração de Lewis Hamilton e Sebastian Vettel. Na pré-temporada de 2011, quando corria pela Lotus, um acidente de rali na Itália foi quase fatal: o piloto polaco foi atingido pelo rail, que entrou pelo cockpit do carro, provocando uma amputação parcial do antebraço direito, fraturas compostas no cotovelo, ombro e perna direita, e grande perda de sangue. Nessa altura, confirmou-se anos depois, Kubica já tinha um acordo assinado para se mudar para a Ferrari em 2012 — o que não aconteceu, já que Kubica ficou fora da F1 até 2019.
24 Horas de Le Mans
Chegou a altura de uma das maiores corridas do ano(...)
A vitória deste domingo de um Ferrari amarelo na mais antiga prova de resistência ganha, assim, a poesia de um ponto alto feliz numa carreira dura, e significa que todos os atuais carros da Ferrari em Le Mans já venceram uma vez a corrida. Os Ferrari 499P dominaram grandes partes da corrida de 24 horas, mas foi o carro #83 da AF Corse que melhor executou a corrida, cometendo menos erros e não sofrendo problemas mecânicos, que afetaram os Ferrari oficiais na última hora e meia de competição.
A força inicial dos Cadillac rapidamente se mostrou passageira, e foi o Porsche #6 que mais desafiou os carros italianos, fazendo uma corrida limpa que o colocou em segundo lugar depois de arrancar em último da classe. Foi a eficiência dos Ferrari que os levou ao topo e, sem os problemas nos carros oficiais, a Ferrari podia ter conseguido uma dobradinha — encher o pódio, como apenas a Audi fez em tempos recentes, já parecia mais difícil, apesar de não ser impossível.
Filipe Albuquerque era o candidato português à vitória na geral em Le Mans. Contudo, o Cadillac #101, gerido pela Wayne Taylor Racing, nunca se mostrou capaz de chegar aos primeiros dez da categoria principal, os hipercarros, e, a meio da corrida, quando o piloto de Coimbra estava aos comandos, o motor norte-americano simplesmente expirou, obrigando à desistência.
A corrida de António Félix da Costa, na LMP2, também nunca prometeu uma vitória, mas a luta pelo pódio era possível — principalmente entre os carros Pro/Am, em que um dos pilotos tem de ser da categorização mais baixa da FIA. Contudo, esse pódio não se concretizou de forma nenhuma, já que a concorrência se mostrou mais forte tanto entre todos os LMP2 (em que o carro de Félix da Costa terminou em nono), como entre os carros Pro/Am (a posição conseguida foi o quarto lugar).
Já o Ford de Bernardo Sousa, na categoria LMGT3, também terminou em nono lugar, numa corrida sem grandes eventualidades e também sem nunca incomodar a luta pela liderança — o vencedor da classe foi o mesmo de 2024, o Porsche #92 da Manthey, sem dar espaço para dúvidas.