18 mai, 2025 - 10:55 • Hugo Tavares da Silva
Parecia uma daquelas histórias que nunca teriam fim. O Goodison Park vai deixar de ser a casa da equipa masculina de futebol 133 anos depois. Temeu-se o desaparecimento do mítico estádio, mas será o palco de jogos da equipa feminina.
Tudo começou em 1892, quando o Everton deixou o seu relvado em Anfield, o mesmo que seria, imagine-se, a casa do Liverpool, o grande rival da cidade. Segundo o “The Guardian”, o Goodison Park tornou-se no primeiro grande estádio construído para efeitos do espectáculo desportivo com uma bola nos pés. Era o mais antigo em atividade, o que recebeu mais jogos.
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E isso tudo acaba este domingo com o Southampton, a partir do 12h00. João Virgínia, guarda-redes português dos toffees, falou a Bola Branca para marcar este momento.
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“O Goodison Park vai estar para sempre na minha memória. Foi o estádio onde me estreei na Premier League, onde me estreei pelo Everton, tenho muitas memórias”, diz este cidadão de Faro, com contrato até 2026, num tom muito próprio das despedidas, de saber o que se tem e se vai deixar de ter.
“É um estádio histórico, os adeptos estão mesmo em cima do campo, ouve-se muito bem a presença deles. É um dos estádios do mundo onde se ouvem mais os adeptos”, garante.
A ocasião especial parece ter esperado pelo regresso de um dos maiores treinadores da história do clube. David Moyes regressou ao clube em janeiro e tem somado pontos de uma maneira que não é brincadeira. “Penso que todos os evertonians têm estado à espera deste momento há muito tempo, porque estão todos ansiosos por um novo estádio”, disse o escocês, nas vésperas do derradeiro jogo em casa para a Premier League.
“Será um dia triste, penso que será um dia emocional para muita gente. Tenho de manter os jogos focados no jogo e tentar o melhor para ganharmos o jogo.”
João Virginia, com passado na formação de Benfica e Arsenal, reconhece que será um momento importante. “Será o último jogo de sempre da equipa ali, também será o meu último jogo no Goodison Park, é muito importante. Vai ficar para sempre recordado no meu coração. A equipa está ansiosa por este momento”, admite o suplente do capitão Jordan Pickford.
O verbo acelera a sair-lhe da garganta quando descreve o que o comum dos mortais não pode ver. Os corredores são apertados, o cruzamento e contacto com a equipa adversário é inevitável. Sentem o perfume de cada um, imaginamos. Miram-se olhares que se ouvem, que têm cheiro, que têm espessura e uma lenda qualquer, quem sabe. “Tem um metro de largura!”, conta Virginia.
E continua: “Ouve-se o barulho do estádio nos balnearios. É um estádio mesmo à antiga, à inglesa, que vai ficar para sempre na história do Everton, na história desta cidade, por isso vou guardar memorias muito especiais do meu tempo no Everton e no Goodison Park, em especial as minhas estreias e defesas importantes, alguns momentos que definiram a minha carreira”.
Este guarda-redes, que passou pelo Sporting em 2021/22 por empréstimo, diz-se “muito grato” por esta passagem pelo gigante de Liverpool que protagoniza um dos dérbis mais especiais do futebol inglês. A ligação deste algarvio ao clube começou em 2018. E não está grato só por isso: “Pela oportunidade de jogar no mítico Goodison Park…”
À falta de duas jornadas para o fecho da Premier League, o Everton joga esta tarde, ao meio-dia, contra o Southampton, sem hipóteses de melhorar o 12.º lugar, mas com o risco de poder cair alguns lugares, flertando com a fronteira com já impossível zona da desavinda despromoção.