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Entrevista Bola Branca

"O Vitória vive de aparências, o passivo aumentou 26 milhões": Luís Cirilo, candidato à presidência

03 fev, 2025 - 13:40

Em entrevista à Renascença, Cirilo anuncia "pequena revolução nos quadros", pede explicações sobre a venda de Manu Silva ao Benfica e explica o que pode esperar Luís Freire, o treinador.

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Luís Cirilo é o rosto da oposição à liderança de António Miguel Cardoso no Vitória Sport Clube. Numa entrevista a Bola Branca, o candidato pela lista A "Por Um Vitória Maior" fala de um clube que vive de aparências, pede explicações sobre a transferência de Manu Silva para o Benfica, promete um novo diretor desportivo e garante que Luís Freire é o seu treinador até ao fim da época ("se não for despedido em fevereiro...").

As eleições estão marcadas para 1 de Março.

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Luís Cirilo, porquê agora esta candidatura à presidência do Vitória?
Resulta da leitura que faço da atual situação do Vitória, das ideias que eu e um conjunto de pessoas temos para o futuro do clube, partindo de um presente que não é auspicioso e, portanto, entendemos que agora era a altura. Porque é que só aparecemos agora? Porque as eleições são agora. Naturalmente, não íamos aparecer antes. Aparecemos neste momento, com as nossas ideias, com o nosso projeto, e vamos levá-lo aos sócios do Vitória para eles se pronunciarem no dia 1 de março.

Porque considera que o Vitória não tem um presente auspicioso?
Porque o Vitória vive de aparências, atualmente. Vive de aparências, de uma gestão financeira de sucesso, mas a verdade é que o passivo, nestes últimos três anos, aumentou 26 milhões de euros. Só do ano passado para este ano aumentou 14 milhões de euros e, portanto, quando se fala de uma recuperação financeira, quando se fala até que agora há dinheiro, isto infelizmente nem dá vontade de rir, porque a situação não é para rir.

Certo.
Não há gestão financeira de sucesso, nem sequer há dinheiro. Há um passivo imenso que a próxima direção, espero que a minha, terá de encontrar soluções para resolver. Por outro lado, também se vive na aparência dos grandes negócios, das grandes vendas de jogadores este mercado de janeiro. A verdade não é essa. Efetivamente venderam-se alguns jogadores por números que parecem interessantes, mas depois temos de perceber efetivamente, dessas vendas, quanto dinheiro é que entrou realmente no Vitória e como é que essas vendas vão ser pagas, se vão ser pagas todas uma vez, se vão ser pagas em várias prestações, nomeadamente o Manu Silva para o Benfica. Era importante saber se o Benfica vai pagar tudo de uma vez, se vai pagar em prestações, se o Vitória quiser adiantar o dinheiro, vai pagar o factoring, etc. Portanto, de facto, também aí se vive de aparências.

E depois há outra aparência tremenda, que é a da estabilidade. Nunca na história do Vitória houve uma direção, uns órgãos sociais em que houvesse tantas demissões. Nunca aconteceu no Vitória, em três anos, termos nove treinadores. Nunca aconteceu uma rotação destas. Repara, neste mercado de janeiro, vão sair do plantel oito ou nove jogadores e entrar cinco ou seis. Isto é completamente inconcebível numa gestão profissional planificada de um clube de futebol profissional.

A sua ideia é mudar a política de mercado?
Com certeza. É mudar completamente. Nós, a nossa lista, temos negociado com um investidor, um grupo nacional e um grupo estrangeiro, que estão dispostos a injetar dinheiro no Vitória de imediato, para que a próxima época seja uma época já de luta pelo sucesso, e não mais um ano zero, como temos tido tantos nos últimos anos. Portanto, aí vamos mudar o paradigma, seguramente.

Ter metade das assinaturas do outro candidato é algo que o preocupa nesta altura?
Não me preocupa rigorosamente nada e vou dizer-lhe porquê. Nós entregámos 593 assinaturas. O outro candidato entregou 800 e poucas assinaturas. De um lado e do outro havia, como é normal, assinaturas que não eram válidas, ou porque não tinham as quotas em dia, ou porque uma ou outra pessoa, que não tem ainda os 18 anos de idade, quis subscrever e subscreveu. A verdade é que ele teve mais assinaturas recusadas do que a nossa candidatura. A ele recusaram 120 assinaturas, a nós 105.

...
Mas deixe-me também que lhe diga, ao contrário da candidatura da lista A , “Por um Vitória Maior”, que não tem acesso a nenhum tipo de informação quanto à listagem de sócios, a lista B do António Miguel Cardoso, sabe muito bem; tem as listagens de sócios, tem as moradas de sócios, e sabe se os sócios têm ou não têm as quotas em dia para lhe ir pedir assinaturas. Eu acho espantoso que uma lista que está no poder consiga ter 120 assinaturas anuladas, necessariamente por má planificação da recolha das assinaturas.

Eu sinto-me, sentimo-nos muitíssimo honrados, porque temos 488 assinaturas válidas, angariadas em três dias e meio pelas pessoas da lista, pelos amigos das pessoas da lista, e sem recorrer a nenhum tipo de profissional pago que na hora de trabalhar andou a recolher assinaturas.

Queria fazer-lhe ainda mais uma ou duas perguntas. A primeira tem a ver com a formação e com as próprias condições de trabalho no Vitória. Consigo, o que é que pode mudar?
Para nós há uma prioridade absoluta: o Vitória ter o mais rapidamente possível o seu novo complexo desportivo, que anda a ser falado há 15 anos e que continua a ser adiado. Naturalmente que, depois de eleito, a minha primeira prioridade nessa matéria será falar com a Câmara Municipal de Guimarães, para acelerar o processo, para que, de facto, todo o futebol profissional e também de formação tenham outras condições.

Mas, claro, que terá de haver uma pequena revolução nos quadros técnicos do futebol profissional e da formação. Teremos um novo diretor desportivo. Enfim, vai mudar muita coisa porque, do nosso ponto de vista, pese embora alguns resultados curiosos, até interessantes... por exemplo, a equipa B está a fazer um bom campeonato e é candidata a subir, mas também não nos podemos esquecer que vai subir da 4ª para a 3ª divisão. É uma vergonha uma equipa profissional do Vitória a andar a jogar na 4ª divisão. A equipa B, como sabe, foi criada para jogar na 2ª liga, não foi para jogar na 4ª divisão.

No futebol profissional e nas modalidades, muita coisa vai mudar. O Vitória tem no ecletismo uma das suas imagens de marca mais fortes e nós queremos que os títulos nacionais e as Taças de Portugal, que já ganhámos, no voleibol, no basquetebol, no polo aquático, tenham sequência e que as modalidades tenham, de facto, cada vez mais e melhores condições de trabalho.

A terminar, pergunto-lhe se o Luís Freire é o seu treinador?
O Luís Freire é o treinador do Vitória. No dia em que tomar posse, com certeza que os treinadores que estão ao serviço do Vitória, incluindo o Luís Freire, terão todo o meu apoio para a conclusão das épocas desportivas. A partir daí teremos de conversar, teremos de analisar, teremos de ver os resultados. Há muita coisa para ver, mas neste momento e até o final da época, e se o atual presidente não o despedir neste mês de fevereiro - já despediu dois, portanto pode despedir mais um - naturalmente que o Luís Freire é o meu treinador até ao final da época, sem dúvida nenhuma. E não quero dizer que não continua. Analisaremos no tempo próprio aquilo que vamos fazer. Até lá, terá todo o meu apoio.

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