10 mai, 2025 - 08:35 • Hugo Tavares da Silva
Há coisas assim. Rui Borges, o treinador do Sporting que tenta aterrar o avião levantado por Ruben Amorim no início da época, quer imitar o Benfica. Como diz que disse?
É que a história do futebol nacional vai longa e houve imensos episódios em que os tradicionais três grandes tiveram três treinadores ao longo da época. Pela 14.ª vez, segundo um levantamento do “Zerozero”, o Sporting apostou num hat-trick de técnicos durante a época (já sabemos que Amorim não saiu por incompetência…). O sucesso nunca foi demasiado, diga-se.
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Só por uma vez na história do futebol português um clube foi campeão tendo três treinadores ao longo da época. É preciso puxar a fita atrás até 1967/68. Os 42 golos de Eusébio salpicaram as sortes de Fernando Riera, Fernando Cabrita e Otto Glória. O Benfica foi campeão, apesar de tudo, com mais quatro pontos do que o Sporting, que amealhou quatro derrotas nas últimas cinco jornadas. Na jornada 23, a três do fim, os leões lideravam o campeonato por um ponto.
Uma dessas derrotas, que relançou definitivamente o campeonato, foi na Luz. O golo do “inferiorizado” Eusébio, como se pode ler nas páginas do “Diário de Lisboa” de 29 de abril de 1968 numa alusão às agruras do joelho, resolveu o dérbi. O cronista não estava muito impressionado, pois um dos títulos foi “mediocridades frente a frente”. Depois do dérbi, um empate nas Antas aproximou os encarnados do título nacional.
Futebol Nacional
Benfica ou Sporting podem sagrar-se campeões nacio(...)
A vitória em casa com o Varzim, na derradeira jornada, por 8-0 e com seis golos de Eusébio, sentenciou a liga. “Um manto encarnado sobre o campeonato”, podia ler-se no “Diário de Lisboa”, que dava conta de o Benfica a liderar na melhor defesa (19), melhor ataque (75), maior goleada (8-0), melhor marcador (Eusébio, 42), melhor marcador num só jogo (Eusébio, seis vs Varzim) e nas receitas. Ao Sporting ficou colada a palavra “apatia”. O zero-quatro no Restelo estraçalhou o grupo orientado por Fernando Caiado.
Na fotografia que ilustra este artigo, os protagonistas são Santana, Jaime Graça, Simões, José Augusto, Eusébio, Iaúca, Coluna, Nelson, Cruz (em baixo); Nascimento, Humberto, Cavém, Jacinto, Melo, Raul, Torres, Calado, José Henrique (em baixo).
O desfecho da liga foi dourado, mas podia ter sido muito mais especial: o Benfica caiu na final da Taça dos Campeões Europeus contra o Manchester United de Bobby Charlton, por 1-4 após prolongamento.
Voltando à contagem do “Zerozero”, convém lembrar que Rui Borges pode também meter os olhos na época 2018/19 dos leões, quando Marcel Keizer, José Peseiro e Tiago Fernandes contribuiram para a conquista de Taça da Liga e Taça de Portugal, um troféu aliás que os rivais de Lisboa ainda vão disputar.
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Teremos campeão este sábado no Benfica-Sporting ou(...)
O FC Porto cometeu este atentado contra a estabilidade e normalidade em oito ocasiões. É verdade que numa delas até foi campeão, mas não conta para esta lengalenga pois Co Adriaanse não disputou qualquer partida, em 2006/07. Rui Barros e Jesualdo Ferreira sucederam ao bom do holandês corajoso que jogava com três defesas.
Finalmente, o obreiro do único título nacional assente em três cabeças foi também o que menos provocou tal situação inusitada. Foram somente cinco as ocasiões em que os adeptos do Benfica viram tal coisa.
Em 1997/98, em ano de desilusão nacional com a ausência do Mundial de França, os benfiquistas terminaram em segundo lugar, sob orientações de Manuel José, Mário Wilson e Graeme Souness, mas jamais se repetiria a façanha de 1968. Nessa temporada 1997/98, o FC Porto celebrou o tetracampeonato, com António Oliveira no banco a dar indicações e ideias e Jardel, Conceição, Drulovic e Zahovic no campo a derreter defesas.
O jogo deste sábado entre Benfica e Sporting, com pontapé de saída às 18h00, no Estádio da Luz, poderá fechar as contas desta época, ou adiá-las para a última jornada. A partida terá relato na Renascença e acompanhamento, ao minuto, em rr.pt.